Cerca de 40 pessoas fizeram um ato na manhã de hoje (3) em protesto contra a morte da estudante Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, morta por bala perdida dentro da quadra da Escola Municipal Jornalista Daniel Piza, em Acari, quando treinava com a equipe de educação física no último dia 30. A manifestação foi em frente à sede administrativa da prefeitura do Rio, na Cidade Nova.
Segundo a coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), Bárbara Sinedino, o protesto retrata a indignação da população com um caso que não é isolado. Bárbara disse que representantes do sindicato vão se reunir com o prefeito Marcelo Crivella para pedir o fim de operações policiais durante o horário escolar.
“Estamos aqui, indignados, em memória da vida dessa jovem. É uma situação triste, que vem de um ato que não é isolado. Nós vivemos toda hora episódios bem parecidos. Vivemos uma política de marginalização das escolas públicas, e pior, do povo pobre e negro, que é tratado como bandido. Montamos uma comissão para nos reunirmos com o Crivella, visando à extinção de ações policiais durante horário escolar. São cenas de guerra durante essas ações, e esses jovens ficam na linha de tiro. Não é possível que alguém ache isso correto”, afirmou Bárbara.
A líder comunitária da Cidade de Deus, comunidade da zona oeste do Rio, que frequentemente é palco de confronto entre policiais e traficantes, Cláudia Cristina de Moraes, ressaltou que muitas crianças da Cidade de Deus estão sendo submetidas a tratamento médico por causa das das fortes cenas que testemunham. “Qual o motivo disso? Será que é porque elas veem Caveirão [veículo blindado da Polícia Militar] entrando com tudo na favela, gente morrendo, bala entrando dentro de casa? Nossa comunidade hoje é uma área triste. Com crianças sem sorriso no rosto e com desespero no olhar.”
O vereador Tarcísio Motta (PSOL), que participou do ato, disse que é a favor do fim das operações em horário escolar, mas ressaltou que esta seria apenas uma medida imediata. Para o vereador, o modelo de segurança do Estado tem que ser reformulado para acabar com episódios como o da morte de Maria Eduarda. “O fim das operações nos horários de aula é providencial e tem que ser feito de forma imediata, mas o problema é muito maior que isto”, afirmou Motta.
O sistema de segurança da cidade e do estado é que está ultrapassado e precisa ser reformulado, disse ele. “Hoje nós temos a polícia que mais mata, mas também a que mais morre. O que isso traz? Apenas mais insegurança para a população.”
Segundo o Sepe, de 2005 até março deste ano, 33 crianças e jovens foram mortos por bala perdida dentro de unidades escolares durante operações policiais. Deste total, 20 casos ocorreram de 2015 até agora.
Agência Brasil