Mulheres, soteropolitanas, mães. Apesar de terem atuado em núcleos totalmente diferentes em “Segundo Sol” Claudia Di Moura (Zefa) e Camila Lucciola (Katiandrea) festejam o sucesso de suas personagens em uma trama que mostrou a Bahia para o restante do país e até para o mundo. “Segundo Sol” encerra com a reprise do último capítulo neste sábado (10) e alavanca a carreira dessas duas baianas na teledramaturgia da Globo.
Quem imaginava no início da trama que a Zefa, uma empregada doméstica negra, pudesse quebrar o estereótipo criado para as personagens serviçais? Seriam poucas palavras e poucas aparições. Mas a mãe do justiceiro Roberval, interpretado pelo também baiano Fabrício Boliveira, desempenhou um papel fundamental na Família dos Atahyde. “Uma história de superação, justamente por conta de todas as agruras que esta heroína teve que enfrentar”, como avalia a própria intérprete, fez com que Zefa largasse o avental e tivesse um final justo, como uma líder perante todos aqueles que fazem parte de sua vida.
Para a atriz que deu vida à mulher que gerou dois filhos separados pelo racismo e pela desigualdade social, “Zefa teceu sua parábola de cura e redenção, cumpriu a missão de sanar suas feridas e reunir a família que nasceu sob o signo da mentira e do estraçalhamento”. Ela também comemora o fato de que a história que interpretou “confirmou que personagens negros podem ser sim complexos e fundamentais na construção de uma telenovela”.
A partir de agora, Claudia quer ser um exemplo para outros profissionais, que nas mesmas circunstâncias pelas quais passou, pretendem alcançar o sucesso que ela atingiu com a novela de João Emanuel Carneiro. “Pretendo servir de espelho para artistas que estão lutando contra tantas adversidades para exercer seu ofício. Se eu puder olhar para trás e ver que consegui isso, estarei recompensada”, reflete.
Com o fim de “Segundo Sol”, Di Moura confessa que sentirá falta do trabalho na trama, e que nos últimos dias do folhetim esteve “ imersa na experiência, que foi e segue sendo grandiosa”. Sobre o futuro profissional Claudia considera o Rio de Janeiro um campo fértil, onde ela poderá plantar sementes e estar lá presente na colheita. Além disso, ela quer aliar a atuação com a moda: “Quero continuar me dedicando a contar boas histórias, emprestar minha voz para personagens interessantes. E seguir também desenvolvendo por aqui o meu trabalho como estilista”.
MENINA DE PERIPERI
Conhecida pela suas origens no bairro de Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, a garota de programa Katiandrea, vivida pela atriz baiana Camila Lucciola, “foi chegando devagarinho e teve um papel importante, porque participou de todas as armações, todas as intrigas e levou informações que mudavam o curso dos personagens principais”. Entre eles, o trio do mal, Karola (Deborah Secco), Remy (Vladimir Brichta) e Laureta (Adriana Esteves).
Camila, atriz que já tem em seu currículo a novela “Saramandaia”, também da Globo, comemora o fato de estar atuando em uma trama que conta uma história do seu local de origem. “Já começa na abertura da novela, ouvindo BaianaSystem cantando. Depois ouvir todo mundo no nosso sotaque, nessa delícia que é o sotaque baiano. Eu acho que deveria ser praticamente obrigatório ter pelo menos uma obra que se passe na Bahia uma vez por ano! E outra, as imagens de Salvador matam um pouco a saudade que sinto daí. Nossa cidade é muito linda, nosso povo é muito especial e merece ser representado, sempre”, disse Lucciola, que mora atualmente no Rio de Janeiro.
Assim como Claudia, que está no início da carreira na TV, Camila agradece pelo espaço que lhe foi dado e garante que vai se empenhar ao máximo para marcar o seu nome em cada trabalho que virá pela frente: “Profissionalmente estou nesse momento muito grata pela oportunidade de estar ao lado de grandes atores, de ser dirigida por uma direção primorosa, por ter aprendido tanto e pela certeza de que estou apenas começando. Eu amo o que faço e sei que a estrada é longa. Seguirei dando o melhor de mim a cada trabalho”.
Lucciola chegou a cursar Dança na Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas não se formou. No entanto, o envolvimento com o segmento fez ela ser convidada por Daniela Mercury para dançar no Rock in Rio Lisboa, experiência que fez a atriz ficar por dois anos no ballet da rainha do axé. Sobre a cantora, Camila é só elogios, ainda mais agora com o papel importante que a artista vem exercendo com as minorias: “Daniela é uma grandíssima artista, uma profissional exemplar. Dividir o palco, viagens e backstage com ela foi um grande aprendizado. Uma mulher forte, dona de si, consciente do seu lugar de pioneira. Sou muito fã, e nos últimos tempos mais ainda”.
O contato da atriz no teatro não começou exatamente quando ela foi para o Rio, já que ainda aqui em Salvador ela sempre conviveu no meio de atores e inclusive tem grandes amigos de teatro. “Sempre flertei com esse universo. Porém foi no Rio que me formei
Sobre a relação das duas artes que exerce hoje em dia, Camila acredita que sempre aliará a dança com o teatro. “Acho que não tem como desvencilhar uma coisa da outra porque eu já trago em mim uma expressão corporal de quem dança. O meu gestual, minha postura, como me movimento… Sempre serei influenciada pela dança de uma forma ou de outra”. Para o futuro, ela pretende lançar um projeto fotográfico com dança, e sem poder dar muitos detalhes, planeja iniciar um projeto de websérie.
Bahia Notícias