O auditório do Edifício Bahia Center, anexo da Câmara Municipal recebeu terça-feira, 8, a audiência pública sobre as condições atuais do Centro de Memória da Água (CMA), localizado no Largo do Queimado, no bairro de Caixa D´Água em Salvador. No debate promovido pelo vereador Odiosvaldo Vigas (PDT) foi alertado sobre os riscos da falta do “precioso líquido” e chamou atenção ainda para o quase abandono das fontes e chafarizes, que contam a história de fornecimento de água nos cinco séculos da capital baiana. O vereador também destacou o papel do CMA, “que trabalha há 30 anos pela preservação desses espaços aquíferos e que necessita de apoio dos órgãos públicos e privados nas suas ações”.
No evento, Odiosvaldo abriu a discussão salientando que no ritmo mundial atual a água acabará tão valorizada quanto o petróleo. Afirmou que o líquido não pode ser uma memória e sua realidade se dará com projetos e programas de preservação, propondo, por exemplo, que os estudantes sejam levados a conhecer as fontes da cidade. O idealizador do CMA, Astor Carneiro de Lima, e o representante da entidade, Jáder Félix, referindo-se, aos 80 mil metros quadrados do Parque do Queimado, salientaram que a audiência é uma forma a mais de se pedir auxílio para a continuidade do trabalho de três décadas.
Compuseram a mesa dos trabalhos também o presidente da Academia de Letras da Bahia, Joaci Góes, o ex-vereador Gilmar Santiago, o subsecretário municipal de Cidade Sustentável e Inovação, João Leal, o poeta José Carlos Capinan, do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, e o maestro Ricardo Castro, gestor do Instituto Neojiba (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia).
Fontes da cidade
O subsecretário João Leal informou que o município tem desenvolvido ações na área e que recentemente aplicou R$ 1,5 milhão na recuperação de fontes luminosas. Acrescentou que a Secretaria Cidade Sustentável e Inovação participará de projetos futuros em defesa da água. O ex-vereador Gilmar Santiago, funcionário da Embasa, destacou a importância do debate, mas salientou que o tema, na prática, encontra dificuldades para avançar. Ele defendeu intervenções efetivas na recuperação das fontes da cidade.
O poeta José Carlos Capinan frisou “que a água também rege a vida”. Destacou o papel do Centro de Memória da Água e que o Parque do Queimado é o maior acervo arqueológico do país. O escritor Joaci Góes acrescentou que a criação do Museu da Água é um claro ato de cidadania e que o debate promovido pela Câmara Municipal resgata a discussão sobre o assunto.
O maestro Ricardo Castro também saiu em defesa da recuperação do Parque, situado na Caixa D´Água. Para ele, somente com a efetiva participação em conjunto de órgãos públicos e privados é que as fontes e chafarizes serão recuperados e preservados. Odiosvaldo Vigas encerrou o debate lembrando que muitos desses espaços de captação e fornecimento de água foram construídas na época do império e tiveram utilidade por muito tempo. “Cabe a nós, agora, recuperar e preservar essas áreas, torná-las em pontos de água potável”, finaliza.