Escolas estão se preparando para o retorno às aulas presenciais no próximo semestre. Ainda não há uma data definida, mas gestores da área de educação e as famílias já começam a quebrar a cabeça para se organizar para o “novo normal”.
A Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares) pede que as instituições privadas voltem antes que as públicas. O argumento é de que a rede particular teria mais condições de se adequar às condições de higiene exigidas para evitar a contaminação com o novo coronavírus.
Os donos de escolas particulares pressionam as secretarias para a liberação do retorno de alunos, mesmo que em esquema de rodízio, principalmente os do terceiro ano do ensino médio por conta do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e da educação infantil.
“Manter as escolas fechadas, principalmente na educação infantil, é um prejuízo para as famílias e para as crianças”, diz o presidente da Fenep, Ademar Batista Pereira. “As mães precisam voltar a trabalhar e não tem com quem deixar os filhos.”
Em São Paulo, o governador João Doria anunciou durante uma coletiva de imprensa que a Secretaria Estadual de Educação divulgará um novo calendário escolar na próxima semana, no dia 24 de junho. Na próxima quarta-feira, o secretário de Educação, Rossieli Soares, deve apresentar um cronograma para o retorno das atividades escolares presenciais no Estado.
No entanto, Doria adiantou que a retomada será lenta e está prevista para a última etapa do Plano São Paulo de flexibilização da quarentena. Embora o foco seja a rede pública, a Secretaria orienta que a rede particular considere o mesmo calendário.
Até o momento, de concreto, o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) divulgou uma cartilha com orientações para o retorno escolar sugerindo um número restrito de alunos por dia e na retomada com atenção especial à higienização, álcool em gel, uso de máscaras, criação de corredores para evitar aglomeração. O documento também prevê que as escolas deverão adaptar a carga horária, com reposição aos sábados ou até com a prorrogação do calendário escolar.
A cartilha também tem como foco a rede pública, mas influencia diretamente as decisões na rede privada.
Juliana Diniz, diretora pedagógica da Saber, que reúne 22 escolas e 32 mil alunos pelo Brasil, afirma que o grupo já organizou um plano de ação para o retorno. “A responsabilidade é muito grande porque estamos lidando com a saúde das crianças e dos profissionais”, diz. A escola elaborou um programa de retomada que estabelece medidas de segurança e higiene.
Além da higienização constante dos ambientes, antes do retorno, os alunos deverão passar por uma triagem com declaração de saúde e, aqueles que comparecerem ao colégio, terão controle de temperatura. O rodízio de alunos deverá ser realizado após uma pesquisa com os pais.
“Aqueles que não se sentirem à vontade poderão deixar as crianças em casa e após a pesquisa de intenção saberemos quantos alunos estarão presentes na escola”, explica. Só então, com números em mãos, que serão estabelecidos os critérios para o rodízio em sala de aula.
Para a pedagoga Isabel Farah Schwartzman as escolas precisam, em primeiro lugar, acolher as crianças. “Nesse período em casa, muitos perderam pessoas queridas ou renda, todo o aprendizado passa pelo emocional, mais que conteúdo, é hora de conversar e, principalmente, ouvir.”
“Muito importante tratar temas como medo, insegurança e luto, seja em rodas de conversa ou por meio de textos”, observa Juliana. “A saúde emocional é uma das prioridades.”
Outro ponto que tem preocupado pais e educadores é o nível de aprendizagem. O que ficou registrado neste período de aulas online? Possível que haja desigualdade entre os estudantes.
“Será um recomeço, o mais importante agora é pensar onde quero chegar, não será possível recuperar o conteúdo de um ano em seis meses, no entanto, apesar da situação ser muito grave, esse tempo permitiu repensar o ensino e acredito que teremos alunos mais autônomos.”
R7