A Bahia iniciou a implantação do sistema de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), que tem entre os benefícios a diversificação da atividade e fonte de renda dos produtores baianos, além do impacto positivo no meio ambiente. Para viabilizar o projeto, uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) começa a ser concretizada em uma fazenda no município de Teodoro Sampaio, no centro norte do estado. Para discutir o potencial da Bahia neste sistema de integração, a Secretaria da Agricultura do Estado (Seagri) realiza, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um workshop sobre ILPF até esta sexta-feira (9), no auditório da secretaria.
A primeira URT em implantação na Bahia será numa área de 15 hectares da Fazenda Caçada. No local, 30 bezerros recém-desmamados serão criados em meio às árvores de eucalipto. Um estudo será conduzido pela Embrapa sobre os benefícios e resultados obtidos no decorrer do experimento, que vai até a fase de corte das árvores para aproveitamento da madeira. Uma área com as mesmas características de extensão será mantida (área testamento), mas sem árvores, para que seja feito um comparativo ao longo do experimento.
O secretário da Agricultura do Estado, Lucas Teixeira, destaca que a produção de carne bovina livre do carbono é um dos benefícios alcançados com esta iniciativa. “Esse workshop é justamente para discutir com os produtores como a tecnologia do ILPF pode ajudá-los no campo. Para além disso, a Bahia irá implantar quatro URTs para mostrar ao produtor como funciona. Essa é uma tecnologia sustentável, onde conseguimos obter carne bovina livre do carbono. É uma ação de sustentabilidade no campo”, afirma.
O secretário acrescenta que “a partir da implantação, nós podemos conseguir, junto às agências de fomento, a liberação de recurso com foco na área de Agricultura de Baixo Carbono. Com isso, conseguimos uma agricultura de alto potencial”.
Assessoria técnica
A implantação da URT em Teodoro Sampaio terá o apoio da Embrapa, que vai oferecer o serviço de assessoria técnica durante três anos, além de coletar dados sobre a evolução do sistema na região. A zootecnista Fabiana Villa Alves, da Embrapa Gado de Corte, explica que “a URT é uma das formas que a Embrapa encontra de transferir as tecnologias usadas dentro dos nossos centros para o meio rural. A implantação do ILPF é o meio utilizado para efetivar essa troca. Para os animais, há um aumento de produtividade, pois, com a existência das árvores, conseguimos oferecer um conforto térmico, por exemplo, e isso impacta na qualidade da carne produzida nessa fazenda”.
Proprietário da Fazenda Caçada, o pecuarista Emílio Azevedo comenta a expectativa após a implantação do ILPF. “A Embrapa nos apresentou os resultados que já foram obtidos em outros estados e, por já ter uma vivência com outras ações de preservação ambiental, decidimos implementar aqui. A expectativa é que, ao fim do ciclo do eucalipto, possamos ter uma renda adicional com a colheita do eucalipto”, revela.
Demanda
O diretor-executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal, Wilson Andrade, pontua que o ILPF também atende uma demanda do mercado por madeira. “A atividade florestal representa o atendimento a uma demanda por madeira natural, já que todos nós consumimos esse produto. A Bahia, nesse caso, tem muito a fazer, já que 80% da madeira consumida aqui ainda vem de outros estados, apesar da elevada produtividade que temos com plantio de eucalipto no estado. Devemos aproveitar o lançamento do ILPF na pecuária da Bahia para que fazendeiros e produtores tenham uma renda adicional na sua atividade e atenda também a preocupação global com as mudanças climáticas que afetam a todos nós”.