Um grupo composto por agricultores e representantes dos Governos de Moçambique e da Bahia, e também do Banco Internacional para Reconstrução de Desenvolvimento (Bird/Banco Mundial), conheceu, na última semana, algumas políticas públicas de desenvolvimento e redução da pobreza rural, promovidas no Território Litoral Sul e Baixo Sul da Bahia.
A especialista sênior em Desenvolvimento Rural do Banco Mundial, Fátima Amazonas, explicou que a missão foi programada em sequência a um memorando de cooperação, assinado recentemente pelo governo brasileiro, o de Moçambique e o Banco Mundial. “O Brasil é uma referência para vários países da África, da América Latina e de outros continentes, tanto com os recursos naturais, da preservação e da utilização de forma sustentável dos mesmos, quanto da inclusão dos agricultores familiares, em atividades produtivas que são sustentáveis, e que também são geradores de renda”.
Fátima informou também que, em Moçambique, será implantado o Sustenta, projeto semelhante ao projeto Bahia Produtiva, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). “Há semelhanças entre o Bahia Produtiva e o Sustenta, pois são voltados para um público de agricultores familiares. O Brasil já vem desenvolvendo há mais tempo políticas para inclusão do agricultor familiar e também políticas de aquisição de alimentos. São esses exemplos que as equipes de Moçambique vieram buscar na Bahia”.
Na missão realizada na Bahia, foram visitados empreendimentos como a Cooperativa de Palmito (Coopalm), no município de Camamu, a Cooperativa da Agricultura Familiar, com agroindústria de processamento de cacau, em Ibicaraí, o assentamento Terra Vista, em Arataca, e o Instituto Biofábrica de Cacau, em Ilhéus.
Segundo o representante do Banco Mundial em Moçambique, André Aquino, o projeto Sustenta, lançado pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural de Moçambique, busca uma nova abordagem de apoio ao desenvolvimento rural. “O projeto será voltado para agricultores emergentes, que já tenham alguma conexão com os mercados e capacidade de se relacionar com pequenos produtores familiares. Isso é inovador em um país que não tem a rede de apoio, como o tipo de cooperativas e associações que o Brasil possui”.
Para o coordenador do Bahia Produtiva, Fernando Cabral, o intercâmbio entre Brasil e Moçambique foi importante para os dois países. “Tiramos várias lições, uma delas é que agricultores familiares podem ter acesso a mercados mais competitivos, como é o caso da Coopag, de Várzea Nova, que vende seus produtos para outros estados brasileiros. Nossos desafios também são semelhantes, mas conseguimos conciliar preservação ambiental com desenvolvimento e geração de renda, e os exemplos que vimos no Litoral Sul comprovam isso”.
Na missão, o Brasil foi representado por técnicos do Bahia Produtiva, da SDR, do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), e Moçambique, por membros do Governo, do setor privado, agricultores, produtores e um presidente de um Conselho Municipal, que no Brasil, corresponde ao prefeito de municípios.
Secom