A Bahia tem mais de 5,7 milhões de pessoas estão cadastradas em situação de extrema pobreza e mais de 600 mil em situação de pobreza, segundo informações do CadÚnico. Os dados são referentes ao mês de fevereiro deste ano
Entre os municípios baianos, cinco se destacam com maior porcentagem de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza. Em Rodelas, Cairu e Coronel João Sá são mais de 90% do total de inscritos no CadÚnico. Já em Antônio Cardoso e Coração de Maria, mais de 89%.
Na capital baiana, o número de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza teve um salto de mais de 14% neste ano. Até 16 de abril, 242.873 famílias estavam nesta situação em Salvador.
Segundo a Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), a capital baiana tinha famílias em situação de extrema pobreza até dezembro de 2021. O crescimento em menos de quatro meses foi de 14,49%.
O mesmo decreto que reajustou os valores das faixas de renda, também definiu que a renda familiar mensal per capita de pessoas, em situação de pobreza, fica entre R$ 105,01 e R$ 210. Nesta faixa, estão atualmente 39.979 famílias soteropolitanas.
Até o final do último ano, 35.050 famílias estavam nesta faixa de renda mensal. Neste caso, o aumento foi de 14,06%, em 2022.
Os números do levantamento são da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), que reúne pesquisadores de universidades e instituições de todo o país. É uma referência no monitoramento da fome no Brasil e reconhecida pelas Nações Unidas.
Nair Silva mora com a filha e a neta em Itacaranha, no subúrbio ferroviário de Salvador. Na casa de dois cômodos e banheiro, o almoço foi feijão e o pouco que restou no fundo da panela, acompanhou os três ovos na janta.
Aos 70 anos, sobrevive dos auxílios sociais do governo e doações. Elas chegam em forma de cesta básica que já foi mais gorda. Na despensa tinha arroz, feijão, fubá e biscoito.
“Arroz, feijão, cafezinho, farinha de fazer pirão. Só isso mesmo”, contou Nair Silva.
A pesquisa revela que mais da metade da população do país (58,7%) está em insegurança alimentar. O que significa que de cada dez famílias, seis enfrentam dificuldades para comer.
São mais de 125 milhões de brasileiros que não têm comida garantida todo dia. Nem em quantidade, nem em qualidade. E pior, entre eles, 33 milhões passam fome.
Alda Santos vive na rua após desentendimento com familiares. No Largo dos Mares, convive com dezenas de pessoas em situação de rua. O local é ponto de distribuição de comida de ONGs e grupos de igrejas.
“Aqui de manhã é suco, mingau, as vezes cuscuz, mas quase sempre é pão, biscoito”, afirmou Alda Santos.
Um projeto social no subúrbio de Salvador distribui cestas básicas em parceria com a Central Única de Favelas (Cufa). Desde o ano passado as doações tem diminuído.
“Ano passado a gente estava com 15 mil pessoas mensal ajudando no estado da Bahia e agora, nesses últimos três meses, para a gente assistir 100 famílias, é muita luta”, contou o presidente estadual da Cufa, Márcio Lima.
Katia, que mora com a filha, conta que ganha auxílio do governo, que dá para pagar aluguel e a energia elétrica. As aulas de desenho no tecido para panos de prato, dão esperança de que pinte um futuro melhor, pelo menos na hora de comer.
G1