Nesta última quinta-feira (31), um telespectador da Record TV gravou uma cena cada vez mais frequente nos céus brasileiros: um avião passando próximo de um balão. Só nos primeiros cinco meses deste ano, 67 aviões precisaram tomar alguma medida para desviar de balões enquanto voavam de um total de 319 relatos de balões observados pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) da Força Aérea Brasileira.
Nestas 67 ocorrências os pilotos dessas aeronaves, a maioria no comando de voos comerciais de grande porte, precisaram tomar alguma medida durante o voo por estarem em uma rota invadida por balões.
Já as outras 252 ocorrências foram registradas como forma de prevenção para que nenhum voo fosse afetado pelo problema e as autoridades de navegação aérea e pilotos tomassem as providências para evitar riscos maiores.
Em um destes casos, o voo de uma companhia aérea que chegava da Argentina precisou arremeter [fazer o avião subir logo após o pouso] logo depois de tocar a pista no aeroporto de Guarulhos.
Em um outro caso, o piloto de um voo que decolava para o Chile precisou fazer uma manobra evasiva, pois o balão estava diretamente a sua frente logo após a decolagem — o balão ficou a menos de 100 metros da aeronave, segundo o relato do piloto.
Soltar balões é considerado crime ambiental e também oferece risco para a segurança do espaço aéreo. Pela lei ambiental, a prática pode resultar em pena de um a três anos de prisão e pagamento de multa. Já por oferecer risco ao espaço aéreo, a pena pode chegar até 12 anos de prisão.
O Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo de São Paulo) confirmou que recebeu notificações de pilotos sobre o balão registrado pelo telespectador da Record TV e informou que coordenou alterações de rota com as aeronaves sobrevoando naquele momento e que um alerta foi emitido pela Torre de controle do aeroporto de Guarulhos.
O órgão ressaltou ainda que ”o Cenipa disponibiliza um formulário eletrônico para que o piloto informe a presença de risco baloeiro” e que ”a partir destes dados, o Comando da Aeronáutica atua com campanhas educativas para reduzir a soltura de balões, tendo em vista que além de crime ambiental, a soltura de balões representa um risco para aviação civil brasileira”.
Balões já causaram situações de emergência
No ano passado, o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) da Força Aérea Brasileira registrou 782 ocorrências de balões no espaço aéreo brasileiro.
Segundo especialistas, o impacto de um balão com uma aeronave pode danificar sua fuselagem, turbinas, ou hélices e atrapalhar o funcionamento dos equipamentos de orientação.
Em 2011, por exemplo, um Airbus-319 com cerca de 200 passageiros colidiu com um balão após decolar do aeroporto do Galeão, no Rio. O balão provocou o entupimento das sondas “pitots”, que medem a velocidade do ar. Sem o registro, os computadores sofreram panes e perderam leitura de velocidade e altitude, semelhantes às sofridas pelo A330 da Air France que caiu no Atlântico em 2009. O piloto teve que fazer pouso visual no aeroporto da Pampulha (MG), com auxílio da torre de controle.
Polícia fez operação contra baloeeiros
A Polícia Militar Ambiental chegou a realizar na manhã desta quinta-feira (31) uma operação para coibir a soltura de balões na zona sul de São Paulo. Durante a ação, dois homens foram presos e um menor foi apreendido.
Em ambos os casos, os autores tentavam resgatar os balões, quando foram surpreendidos pelos policiais. No Jabaquara, o balão pegou fogo durante a queda, restando apenas a cangalha. Uma moto utilizada pelos suspeitos também foi apreendida.
As ocorrências foram registradas no 3º DP de São Bernardo do Campo e no 27º DP (Campo Belo).
R7