A ausência de um plano objetivo da equipe econômica de Jair Bolsonaro (PSL) para aprovar a reforma da Previdência já causa desconforto entre parlamentares do PSL, partido do presidente eleito.
Deputados e senadores da sigla se irritaram com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que ainda não apresentou datas nem uma proposta concreta para as mudanças na aposentadoria.
O guru econômico de Bolsonaro convocou nesta terça-feira (11) uma reunião em Brasília com as bancadas do PSL na Câmara dos Deputados e no Senado e fez uma espécie de apresentação didática sobre as funções de seu superministério, além dos desafios da economia do país para os próximos anos.
O futuro ministro pediu empenho dos parlamentares para aprovar a reforma, classificada por ele como fundamental para a recuperação das contas públicas, mas ouviu questionamentos sobre prazos e dados específicos do projeto que o novo governo vai enviar ao Congresso Nacional.
Os aliados de Bolsonaro reclamaram da falta de assertividade de Guedes.
O novo ministro afirmou que deve aproveitar parte da proposta enviada por Michel Temer ao Legislativo em 2016, porém, sem especificar os pontos que serão considerados por sua equipe.
Segundo Guedes, estão sendo estudadas pelo menos três propostas: uma elaborada por aliados do presidente eleito, os irmãos Abraham e Arthur Weintraub, outra feita pelos economistas Armínio Fraga e Paulo Tafner, e uma terceira, baseada no modelo chileno.
Para acalmar os ânimos, o guru econômico de Bolsonaro afirmou que ainda não há consenso pois nem mesmo o presidente eleito deliberou sobre o assunto, inclusive, em relação à aposentadoria dos militares —ele é capitão reformado do Exército.
Bolsonaro orientou sua equipe a desenhar uma proposta de reforma com transição suave e gradual, mas não detalhes sobre o projeto.
Auxiliares afirmam que o presidente eleito sabe que é preciso acertar o momento político para colocar em votação no Congresso Nacional uma proposta considerada impopular e dar subsídios para que sua base de apoio defenda as mudanças.
O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já escalou nomes de sua confiança para negociar apoio a esta e outras propostas.
Diante do discurso de que o novo governo não atuará com o chamado toma lá da cá, os parlamentares do PSL perguntaram a Guedes qual seria então a “moeda de troca” para a aprovação da reforma.
De acordo com relatos, o futuro ministro da Economia disse que será a revisão do pacto federativo, dando mais poder à Câmara.
Os deputados e senadores eleitos pelo partido de Bolsonaro reclamavam por se sentirem escanteados pelo governo de transição. Após o encontro com Guedes, eles serão recebidos pelo presidente eleito nesta quarta-feira (12).
Bahia Notícias