A batalha contra as nuvens de gafanhotos que já atingem mais de 10 países em quatro continentes está longe acabar, afirmou a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).
Com esforços concentrados em países do oeste da África, Oriente Médico e Sudeste Asiático, a organização estima que 450 milhões destes insetos já morreram desde janeiro, mas o combate à praga segue e pode se estender para a América do Sul, agora que uma nuvem de gafanhotos ataca a Argentina e ameaça chegar ao Brasil.
Na terça-feira (23), as autoridades indianas enviaram drones e tratores para rastrear gafanhotos migratórios e pulverizá-los com inseticidas, em um dos piores enxames já vistos no país em quase 30 anos.
Na quarta-feira, a capital do Iêmen, Sana, foi coberta por uma nuvem de gafanhotos. A proliferação dos insetos piora a situação de emergência humanitária no país, afetado pela guerra e que já tem a maior parte da população passando fome ou em risco alimentar.
O Paquistão e países da África Oriental também enfrentam a praga do gafanhoto do deserto e a destruição que causam. Em fevereiro, o Paquistão declarou emergência nacional devido a ataques dos insetos na parte leste do país. As pragas danificaram plantações de algodão, trigo, milho e outras culturas.
Esta é a pior infestação em 27 anos no Paquistão, segundo as autoridades, e a pior em 25 anos na Somália, segundo a FAO. Pelo menos nove outros países do Oriente Médio, Ásia e região africana de chifres também têm áreas ocupadas por insetos, como Arábia Saudita, Irã, Etiópia e Sudão.
Na América Latina, outra nuvem de gafanhotos atravessa a Argentina. A nuvem, composta por milhares desses gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata que chegaram ao país a partir de 11 de maio vindos do Paraguai, viaja a uma velocidade diária de até 150 quilômetros por dia e mantém as autoridades ambientais em alerta.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil declarou estado de emergência fitossanitária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina devido ao risco praga atingir as áreas agrícolas de ambos os estados. A portaria com a medida foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (25).
A nuvem de gafanhotos está localizada a cerca de 250 quilômetros da fronteira entre o Rio Grande do Sul e a Argentina. A preocupação das autoridades do setor agrícola e dos produtores rurais é o dano que os insetos podem causar às lavouras e pastagens. A Argentina e o Brasil estão entre os maiores exportadores de soja e milho do mundo.
Para os especialistas, as mudanças climáticas podem influenciar a proliferação de gafanhotos, devido ao aumento da temperatura, do grau de umidade e da dinâmica das correntes de vento.
Na Itália, gafanhotos destruíram ao menos 15 mil hectares de pastagens e terras cultivadas na Sardenha, devastando agricultores que já lutam contra os efeitos da pandemia de coronavírus.
Durante os meses de verão, os gafanhotos são um fenômeno comum na ilha mediterrânea da Sardenha — conhecida por suas praias idílicas e resorts exclusivos —, mas o surto deste ano foi muito maior que o normal.
R7