O Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central) finaliza nesta quarta-feira (19) a reunião que vai decidir a taxa básica de juros da economia brasileira para os próximos 45 dias. A expectativa é de que o grupo decida pela redução da taxa Selic, que aparece estacionada no patamar de 14,25% ao ano desde julho de 2015.
Caso as expectativas de mercado se confirmem, será a primeira redução dos juros básicos desde agosto de 2012, quando a Selic recuou de 7,5% para 7,25% ao ano.
De acordo com dados do último Boletim Focus, relatório divulgado semanalmente pelo BC com as perspectivas de mercado, o comitê deve cortar os juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira, para 14% ao ano, e em 0,75 ponto percentual até o final do ano, finalizando 2016 em 13,5% ao ano.
De acordo com o diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a confirmação da redução dos juros básicos a 14% ao ano terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito.
— Existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores que na média da pessoa física atingem 158,47% ao ano provocando uma variação de mais de 1.000,00% entre as duas pontas.
Na última reunião do grupo, realizado no final do mês de agosto, a decisão pela nona manutenção da Selic no maior patamar desde outubro de 2006 foi tomada por unanimidade. Na nota com o resultado do encontro, o Copom afirmou que há “evidências de que a economia brasileira tenha se estabilizado recentemente e sinais de possível retomada gradual da atividade econômica”.
Ao manter a taxa no patamar atual, o BC manifestou que a inflação ainda não estava totalmente controlada, mas não deve subir nos próximos meses. A percepção é possível porque a Selic serve como um dos instrumentos da economia para manter a inflação de preços controlada. O fato acontece porque os juros mais altos fazem o crédito ficar mais caro, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Com isso, fica mais evidente o corte da taxa básica de juros ao observar que a inflação oficial, calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) avançou apenas 0,08% na passagem de agosto para setembro. Trata-se do resultado mais baixo para o mês desde 1998.
Selic
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A Selic só influencia o rendimento da poupança quando é igual ou inferior a 8,5% ao ano. Ou seja, com a taxa no patamar atual, vale mais a pena buscar alternativas mais atrativas de investimento.
R7