O fundador da Microsoft, Bill Gates, revelou ontem em Genebra que fechou um acordo com o governo e entidades dos Estados Unidos, em 2016, para destinar US$ 18 milhões para modificar geneticamente os mosquitos Aedes aegypti, tornando-os estéreis. Respondendo ao Estado, Gates relatou que os testes estão sendo realizados principalmente em Antioquia, na Colômbia, nos subúrbios do Rio, e também na Indonésia. O experimento ocorre depois que, na Ásia, cientistas obtiveram resultados positivos no Vietnã e em outros países tropicais. Seus assessores apontam que a iniciativa tem o potencial de ser a iniciativa de saúde de maior impacto da Gates Foundation que, ao longo dos últimos anos, destinou mais de US$ 500 milhões para tratar doenças. A estratégia consiste em contaminar o mosquito com a bactéria Wolbachia. Como consequência, os descendentes não teriam a capacidade de transmitir doenças. A bactéria está presente em 60% dos mosquitos e insetos. Mas não no Aedes aegypti. “Essa é a novidade. Estamos realizando os testes e, até o fim do ano, saberemos se isso vai funcionar”, contou Gates. Se os testes derem resultados positivos, a proteção para populações de locais com a presença endêmica do mosquito poderia aumentar em 40%. Além do experimento no Brasil, Gates revelou que está aplicando sua fortuna na busca por novos pesticidas que possam trazer melhores resultados. Entre 2005 e 2016, ele já investiu US$ 100 milhões em um projeto de pesquisa no Reino Unido. Para os próximos cinco anos, prometeu mais US$ 75 milhões. “Estamos fazendo muito para lidar com o controle de vetores. Aqueles produtos que temos hoje já criaram resistência (nos mosquitos)”, contou. Segundo ele, seu financiamento passou por um debate dentro da Organização Mundial de Saúde (OMS) para garantir que os novos produtos químicos estejam dentro dos padrões aceitos pela entidade. “Queremos maior eficiência”, disse Gates. Segundo a Organização das Nações Unidas e a Cruz Vermelha, o fortalecimento do mosquito em diversas regiões tropicais do mundo é uma ameaça ao combate à pobreza. Em estudo recente, as entidades apontaram que o maior risco do zika, por exemplo, é o de reverter ganhos sociais nos últimos anos. Os dados mostram que o impacto da doença tem sido maior que os programas de apoio que há nas regiões para lidar com a pobreza, como o Bolsa Família. “No Brasil, os custos indiretos da microcefalia foram estimados em US$ 1,7 mil por mês, seis vezes o valor do benefício adicionado ao Bolsa Família para mães de crianças com microcefalia”, alertou.
Bahia Notícias