No circuito Osmar no Campo Grande, neste sábado (1), uma agremiação se destacou por sua proposta especial e única, o bloco Me Deixa à Vontade, organizado pela Associação Baiana de Deficientes Físicos (ABDEF), criado para proporcionar inclusão ao portadores de necessidades especiais. Sob forte emoção, a presidente do bloco, Silvanete Brandão, definiu a importância da iniciativa: “É um dia muito especial pra todas as pessoas com deficiência e suas famílias, eles ficam esperando que esse dia venha acontecer, e aí a gente faz com muito amor, com muito e carinho, para estar colocando estas pessoas no espaço mais desejado que é o Carnaval de Salvador.”
Este ano o bloco tem como madrinha a presidenta das Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA), Tatiana Velloso, que externou seu contentamento pela escolha: “É o bloco da inclusão, da diversidade, que traz toda uma referência importante de Carnaval que é cuidar de gente, trabalho que a ABDEF faz durante o ano inteiro”, destacou Tatiana.
Entre os foliões do bloco Me Deixa à Vontade o que não faltou foi disposição e energia para aproveitar a festa na avenida. A recepcionista Eliete Teófilo, cadeirante, fez questão de frisar: “É inusitado você ter uma limitação física e estar no meio dessa multidão e ser respeitado. É muito bom celebrar o direito de ser quem você é”.
Já Bruno Souza, com baixa visão, vê no bloco um o espaço para dançar e cantar, com segurança, experiência que definiu assim: “Ontem, eu estava na Barra sozinho, sem camarote, sem nada, e eu tive várias dificuldades pra me locomover durante todo o percurso. Fora as questões de segurança, as pessoas não nos respeitam. O bloco Me Deixa à Vontade é uma das poucas oportunidades da pessoa com deficiência ter acesso ao Carnaval de forma segura. O Carnaval é pra todos, nós pessoas com deficiência também temos direito a curtir”.
Para os organizadores do bloco, o desfile é um momento de grande visibilidade de uma luta que precisa ser travada todos os dias, por isso reforça seu apelo: “A maior mensagem que a gente deixa é para que respeitem as pessoas com deficiência, acabe com capacitismo, acabe com esse preconceito estrutural que existe ainda hoje contra a pessoa deficiente”, completou Silvanete Brandão.