Artistas e produtores culturais das mais variadas linguagens artísticas se encontraram para celebrar o talento e a criatividade que brotam do terreno fértil e sagrado do bairro de Itapuã, em Salvador. Essa reunião de potências ocorreu na noite da última segunda-feira (2), dentro da programação do Boca de Brasa Apresenta, na sede do bloco afro Malê Debalê. O evento foi composto por muita música, capoeira, poesia, artes cênicas e fotografia.
O Malê Debalê é um do Polos Boca de Brasa, atendendo cerca de 120 pessoas com oficinas de sonorização, percussão, figurinos e adereços, dança e turismo. Essas atividades proporcionam tanto um primeiro contato com as artes quanto uma oportunidade de desenvolvimento e aprimoramento de conhecimentos. O programa é uma realização da Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Mattos (FGM), em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Semdec).
Dentre os talentos que participaram das oficinas e se apresentaram no evento de segunda está a costureira Marcela Santos. Aluna do curso de figurinos e adereços do Malê Debalê, Marcela propôs um projeto que une empreendedorismo local, empoderamento feminino e sustentabilidade.
Com uma bolsa estímulo recebida pelo programa, ela oferecerá aulas de corte e costura para mulheres de Itapuã. “Isso permitirá compartilhar meu conhecimento com dez mulheres da minha comunidade”, celebra.
Marcela explica que as mulheres selecionadas vão ganhar um kit de costura ao término do curso. As técnicas apresentadas nas aulas, segundo Marcela, terão um foco em sustentabilidade. “Elas vão aprender a reaproveitar o retalho e dar nova vida a pedaços de desenho e aviamentos que iriam para o lixo, podendo ser utilizados para confecção de bolsas e turbantes, por exemplo”, relata.
Democratização – Quem também participou dos cursos ofertados pelo Polo Boca de Brasa – Itapuã foi o músico e técnico de som, Felipe Souza. De acordo com ele, a iniciativa foi importante para a formação profissional e para a abertura de novos horizontes na área. “Eu já havia feito outros cursos na área, mas esse realmente, para mim, foi um divisor de águas”, reflete.
A multiartista Janessa de Santa também avaliou positivamente a participação no curso de dança afro. “Esse curso me auxiliou demais em minha formação, pude ter contato com profissionais incríveis, que souberam desenvolver bem a nossa arte”, diz.
“O Boca de Brasa em Itapuã cumpre com o objetivo de democratizar o acesso e a fruição das artes ao se colocar nas trincheiras da defesa e promoção de uma política que fomenta a cultura nas periferias como instrumento de existência, resistência e resiliência. Com o Boca de Brasa, a Prefeitura não leva a cultura para as periferias de Salvador. Pelo contrário, nós viabilizamos que a cultura que nasce dessa comunidade tenha o seu lugar e seja de fato vista e respeitada”, declara o diretor de Patrimônio e Equipamentos Culturais, Chicco Assis.
Além disso, a iniciativa busca impulsionar a profissionalização e a autonomia econômica dos artistas, como explica Felipe Dias, diretor da Salvador Tech. “Sabemos que a cultura é a nossa identidade, mas também é um setor econômico que precisa ser fortalecido para que os artistas vivam de sua arte.
O Boca de Brasa – Itapuã é um exemplo vivo de como a arte pode transformar vidas, promovendo a cultura local e incentivando a profissionalização, a criatividade e o protagonismo social”, finaliza.