O presidente Jair Bolsonaro decidiu entregar a Secom (Secretaria de Comunicação) do governo para um militar, o almirante Flávio Rocha, atual secretário Especial de Assuntos Estratégicos, que irá acumular as duas funções, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.
Rocha assumirá o cargo no lugar de Fabio Wajngarten, que sai depois de uma sequência de atritos com diferentes membros do governo, com a imprensa, com quem deveria fazer a interlocução, e, recentemente, com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a quem é subordinado.
A mudança deve ser anunciada ainda nesta. Rocha será o primeiro militar a assumir o comando da Secom no período posterior à ditadura militar.
Ligado aos filhos de Bolsonaro e à chamada ala ideológica do governo, Wajngarten se aproximou da família ainda durante a campanha e assumiu a Secom em abril de 2019. Publicitário, desde o início estabeleceu uma relação de confronto com a imprensa e se concentrou em lidar com as questões de publicidade do governo.
Apesar dos relacionamentos difíceis – Wajngarten também brigou com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, quando a Secom respondia à Segov, e com o então porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros -, o secretário deve ganhar um novo cargo, de assessor especial da Presidência.
A mudança envolve algum improviso e rearranjos internos no governo que levarão Rocha a acumular duas funções, respondendo a duas chefias diferentes. Por ora, a Secom se mantém no Ministérios das Comunicações e responderá a Fábio Faria, ao menos oficialmente. Já pela SAE, o almirante responde pessoalmente ao presidente.
Visto como um resolvedor de crises, é homem de confiança de Bolsonaro e frequentemente é chamado para opinar em diferentes temas do governo e realizar missões para o presidente. Recentemente, acompanhou a missão organizada por Fábio Faria a seis países para conhecer as tecnologias de 5G.
Também foi, em uma viagem pouco divulgada, à Argentina, para encontros com o presidente Alberto Fernández e seus ministros, como enviado de Bolsonaro, em uma tentativa de abrir canais em uma relação sempre conflituosa por conta das constantes críticas do presidente ao governo do país vizinho.
R7