Desta vez, segundo o site português de notícias Público, os termos foram firmados pelo primeiro-ministro de Portugal, António Costa, em conversa com o presidente Michel Temer, durante a 12ª Cimeira Portugal-Brasil, conferência entre países de língua portuguesa realizada em Brasília.
Costa deve viajar a Belo Horizonte (MG) ainda esta semana para o prosseguimento da negociação com setores do governo mineiro e com a Cemig (Companhia Elétrica de Minas Gerais). Também haverá conversas com representantes do setor automotivo e do Parque Tecnológico Itaipu (do lado do Brasil) e do Ceiia (Centro de Excelência e Inovação para a Indústria Automóvel, de Portugal), que desenvolve projetos semelhantes na Europa e deve ceder parte da tecnologia.
A ideia é criar um projeto-piloto, com construção de polo do carro elétrico na Cidade Administrativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte, ampliado para o Mercosul.
Tudo isso, porém, depende de incentivos e propostas concretas — desde fevereiro do ano passado o Ceiia e órgãos brasileiros tentam implementar a troca de protocolos e de tecnologias para o desenvolvimento de veículos elétricos e sua estrutura de apoio.
Tudo ficou pausado, porém, durante ano e meio por conta da crise política (e econômica) durante o governo de Dilma Rousseff e só agora o assunto volta à tona. Espera-se, portanto, que algo avance de fato.
Todos esperando
Atualmente, apenas a BMW vende um modelo elétrico (o compacto i3) de forma convencional a qualquer cliente que possa pagar até R$ 200 mil. Há ainda venda de modelos híbridos da própria BMW e de Toyota e Ford, além de ações pontuais da Mercedes-Benz. E também testes com elétricos da Renault, Nissan e Mitsubishi. Porém, nenhum tem preço convidativo, nem estrutura que suporte o uso amplo e frequente.
Quer mais? O próximo Salão do Automóvel de São Paulo, que abre ao público no dia 10, promete ter diversas propostas de modelos e modalidades verdes. Haverá novidades neste segmento de Audi, Citroën, Ford, General Motors, Honda, Kia, Mercedes-Benz, Nissan, Renault, Toyota e Volkswagen, além da americana Tesla, que vai participar (de forma indireta) pela primeira vez.
Como todas as marcas são globais, ficam mais suscetíveis a escândalos como o do diesel da Volkswagen, bem como a propostas como a da Alemanha e da França, de revisar o uso de modelos a combustão nas próximas duas décadas.
Se por parte delas os projetos de modelos elétricos aceleram, falta ao Brasil discutir como se preparar para o inevitável.
Atualmente, apenas a cidade de São Paulo tem incentivo para carros elétricos: a Prefeitura devolve sua parcela do IPVA, equivalente a 50% do imposto de modelos de até R$ 150 mil, uma vez que a outra metade é cobrado pelo governo estadual. Há ainda um benefício limitado para híbridos, que podem “furar” o rodízio ambiental, assim como os elétricos. O Rio de Janeiro também tem estímulo semelhante. Ambos, porém, são pouco eficientes.
Congresso ainda atrasa benefícios
O Senado também analisa há tempos duas propostas sobre veículos elétricos e híbridos. Os dois projetos de lei voltaram à pauta no final de outubro.
Um deles é o PLS 174, que é de 2014 e de autoria do senador Eduardo Braga (PMDB-AM): prevê isenção fiscal de veículos elétricos a bateria e híbridos com motor a etanol, fabricados no Brasil, por até 10 anos.
Do mesmo ano é o PLC 65, do senador Jorge Viana (PT-AC), que obriga a instalação de pontos de recarga para veículos elétricos em vias públicas e em ambientes residenciais e comerciais.
Nos dois casos, é necessário desenvolver tecnologia adequada para abastecimento e desenvolvimento de baterias, máquinas de carga e rede de distribuição. Este é justamente o objetivo da cooperação entre Brasil e Portugal, através de acordos com o Ceiia.
uol