O Brasil termina os Jogos Olímpicos Paris 2024 com muitos motivos para se orgulhar. Do desempenho histórico das mulheres, que foram maioria na delegação brasileira pela primeira vez, a medalhas inéditas em provas do programa olímpico, passando pela reafirmação de ídolos que entraram no patamar de maiores nomes brasileiros da modalidade e por desempenhos nunca antes conquistados, que bateram na trave do Olimpo. Com tudo isso, uma coisa é certeza: dezenas, centenas, talvez, milhares de pessoas foram inspiradas pelas histórias escritas pelo Time Brasil na França.
O Brasil conquistou 20 medalhas nessa edição dos Jogos Olímpicos, sendo três de ouro, sete de prata e 10 de bronze. É a segunda melhor campanha da história, superando o desempenho na Rio 2016 no número total de medalhas, atrás apenas de Tóquio 2020. Além disso, o país se confirmou no top-20 no número de ouros, e top-15 no quadro de medalhas. Uma das provas da consolidação do país no bloco das principais potências olímpicas.
“Queremos sempre ultrapassar barreiras, vencer sempre. Conseguimos quebrar recordes, principalmente quanto ao esporte feminino. Isso nos deixa bastante satisfeitos. Com a apresentação dos nossos atletas, inspiramos a sociedade. Todos que acompanharam as competições se sentiram inspirados. Mesmo aqueles que não conseguiram conquistar uma medalha, tiveram seus melhores desempenhos, também inspiraram nossos torcedores e a população brasileira”, disse Rogério Sampaio, chefe da Missão Paris 2024 e diretor-geral do COB.
Não há como falar do Brasil em Paris 2024 sem falar do esporte olímpico feminino. Ouro de Beatriz Souza, no judô; de Ana Patrícia e Duda, no vôlei de praia; do futebol feminino; prata com Tati Weston-Webb, no surfe; bronze com Rayssa Leal, no skate, Larissa Pimenta, no judô, e Bia Ferreira, no boxe. Até quem ficou sem medalha por muito pouco como Ana Sátila, com seu desempenho histórico – 4º lugar no K1 e 5º no C1, e dona dos melhores memes das redes sociais, ganhou o carinho da torcida.
“Há dois ciclos olímpicos, após ser identificada uma oportunidade de crescimento do esporte feminino, o COB começou a investir especificamente nas mulheres. Não só atletas, mas também para tentar aumentar o número de treinadoras e gestoras. O que vimos aqui em Paris no esporte, também reflete o que está acontecendo na sociedade: a mulher cada vez mais se fortalecendo” comentou Mariana Mello, subchefe da Missão Paris 2024 e gerente de Planejamento e Desempenho Esportivo do COB.
Entre tantas performances de destaque, temos que ressaltar, é claro, a maior de todas, a ginasta Rebeca Andrade, que virou ícone mundial ao ser reverenciada por Simone Biles no pódio, e a maior medalhista da história do Brasil, com seis pódios no total. Foram quatro medalhas – ouro no solo, prata no individual geral e no salto e bronze por equipes.
Mas não foram só elas que brilharam. Entre os homens também houve a formação de novos ídolos e a confirmação de outros. Nomes pouco conhecidos como William Lima, do judô, Caio Bonfim, da marcha atlética, Edival Pontes “Netinho”, no taekwondo, e Augusto Akio, com seus malabares e manobras fantásticas no skate park, fizeram a torcida vibrar com seus desempenhos; e outros mais conhecidos como Gabriel Medina, que realizou o sonho da medalha olímpica, com o bronze no surfe; Isaquias Queiroz, com uma arrancada espetacular para ficar com a prata no C1 1000m da canoagem velocidade; e Alison dos Santos “Piu”, bronze nos 400m com barreiras, a segunda medalha olímpica dele, confirmaram que estão os melhores das suas modalidades.
Além das performances dos medalhistas em Paris, o Brasil vê com bons olhos desempenhos de atletas que ficaram a uma vitória do pódio, como, por exemplo, Hugo Calderano, do tênis de mesa, Rafaela Silva e Rafael Macedo, do judô; Jucielen Romeu, Keno Machado e Wanderley Pereira, do boxe, e Giullia Penalber, da luta livre. E também a multimedalhista Rebeca Andrade, que ficou em quarto lugar na trave.
“Pequenos detalhes fazem muita diferença entre uma medalha de ouro, de prata, de bronze, um quarto ou um quinto lugar. Se algumas ondas, alguns ventos e algumas situações não tivessem acontecido, a gente teria ainda mais motivos para comemorar”, disse Ney Wilson, diretor de Alto Rendimento do COB.
Em termos de evolução das modalidades, foram muitas campanhas históricas além das já citadas anteriormente. Começando pelo atletismo, o revezamento misto da marcha atlética – com Caio Bonfim e Viviane Lyra – chegou em 7º lugar na estreia da prova; Luiz Maurício conseguiu o recorde sul-americano no lançamento do dardo, alcançando uma final olímpica para o Brasil na prova após 92 anos; Valdileia Martins quebrou o recorde brasileiro, que durava 35 anos, e conseguiu a melhor marca da carreia, com 1,92m no alto em altura; e Almir Junior se tornou o primeiro finalista brasileiro do salto triplo desde Pequim 2008.
No badminton, Juliana Viana conseguiu a primeira vitória olímpica de uma brasileira na modalidade; Gustavo “Bala Loka” conseguiu o top-10 no ciclismo BMX, com o 8º lugar no Freestyle; Mafê Costa, primeira finalista dos 400m em 76 anos, que também se destacou ao bater o recorde dos 200m na prova de revezamento do 4x200m, com o tempo de 1min56s06; e Miguel Hidalgo ficou no 10º lugar na prova individual do triatlo, a melhor colocação de um brasileiro da modalidade nos Jogos. Todos atletas muito jovens que terão uma margem de evolução até Los Angeles 2028.
“Se o atleta está se preparando de um lado, estamos nos preparando do outro. Em 2023, fizemos a primeira visita a Los Angeles. Temos um consultar local bastante engajado na procura de soluções concretas. Esperamos até o final do ano já termos uma ideia das instalações que irão prover toda a infraestrutura para os atletas. Para Brisbane 2032, já começamos a fazer reuniões, uma aqui em Paris, para entender onde será a Vila, perímetro de segurança, e a questão do fuso de 12 ou 13 horas, que exigirá um período de aclimatação bem grande, com estruturas que serão bastante concorridas. Então, temos que trabalhar com antecedência, montar um plano de ação para chegarmos o mais preparados possíveis para esses Jogos”, falou Joyce Ardies, subchefe da Missão Paris 2024 do COB e gerente de Jogos e Operações Internacionais.
Enquanto nomes como Rafael Silva “Baby”, do judô, Jade Barbosa, da ginástica artística, e Bia Ferreira, do boxe, podem ter disputado a última edição de Jogos Olímpicos, outros disputaram a primeira como a mesa-tenista Bruna Alexandre, uma inspiração ao se tornar a primeira atleta brasileira a estar nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Além disso, as equipes mista de judô e feminina de ginástica artística conseguiram medalhas pela primeira vez; também de maneira inédita, Bárbara Domingos alcançou a final individual da ginástica rítmica; e a seleção feminina de rúgbi sevens conseguiu um importante vitória sobre Fiji, medalha de bronze em Tóquio 2020. Rodrigo Pessoa, medalhista olímpico por três vezes, disputou o hipismo saltos, na sua 8ª edição dos Jogos Olímpicos, se tornando o brasileiro com mais edições disputadas. A evolução e quebra de marcas nas modalidades era um dos principais objetivos do COB em Tóquio 2020.
E não podemos deixar uma vitoriosa nova geração de treinadores brasileiros como Lauro Souza “Pinda”, da canoagem velocidade, Gianetti Sena, da marcha atlética, Sarah Menezes, do judô, e Chico Porath, da ginástica artística, para citar apenas alguns nomes que manter as modalidades no pódio. Nesse sentido, o trabalho da Academia Brasileira de Treinadores (ABT), projeto do Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), do COB, têm um papel fundamental.
Fora das arenas, o Brasil também brilhou com projetos como o Parque Time Brasil, a única fan fest oficial fora da França; a Casa Brasil, sucesso com o público e patrocinadores; e as redes sociais do Time Brasil, que quebraram diversos recordes. Entre eles, atingindo a marca de três milhões de seguidores no Instagram, o maior Comitê Olímpico do mundo na plataforma.
“Tivemos cerca de 20.000 pessoas aos finais de semana torcendo pelo Time Brasil, curtindo essa fusão do entretenimento com o esporte no Parque Time Brasil, em São Paulo. Aqui, em Paris, na Casa Brasil, conseguimos propiciar experiências para todas as pessoas. Fizemos não só uma ativação completa para os nossos patrocinadores, mas conseguimos entregar o conceito de conexão dos atletas com os fãs brasileiros e estrangeiros e patrocinadores e celebrar todo o Time Brasil. Foram quase 300 mil fãs juntando o Parque Time Brasil e a Casa Brasil”, comentou Gustavo Herbetta, diretor de marketing do COB.
“O trabalho de comunicação foi muito importante, conseguimos superar os Estados Unidos como o Comitê mais seguido no Instagram. O tamanho das nossas redes atrai público, atrai novos patrocinadores e investimento. A imagem é muito importante para o movimento olímpico do Brasil. A Bia Souza, por exemplo, saiu de 10 mil seguidores para quase 3 milhões. As meninas da ginástica artística viraram ídolas nacionais. Medina teve uma das fotos mais vistas da história dos Jogos Olímpicos. É uma demonstração de que não só o resultado esportivo foi bem sucedido, mas o brasileiro se engajou e consumiu o esporte olímpico”, finalizou Paulo Conde, diretor de comunicação do COB.