O número de médicos no Brasil nunca foi tão grande: mais de 450 mil. No entanto, apesar de ter aumentado sete vezes nos últimos 50 anos, ainda há uma grande desigualdade na distribuição desses profissionais pelo país.
Os dados são da Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Entre as capitais, a maior disparidade se dá em relação a São Paulo e Boa Vista, com 59 mil médicos e 510, respectivamente.
Uma diferença grande de concentração de médicos também foi observada em relação às capitais e cidades do interior agrupadas por estratos populacionais. As capitais de 26 estados e Distrito Federal reúnem 23,8% da população e 55,1% dos médicos.
Ou seja: mais da metade dos registros de médicos em atividade se concentra nas capitais, onde mora menos de um quarto da população do país.
A razão das 27 capitais é de 5,07 médicos por mil habitantes. No interior, esse índice é 1,28, ou seja, 3,9 vezes menor.
Apenas 1% dos médicos estão no Amazonas
Nas regiões Norte e Nordeste, apenas o Estado do Tocantins tem mais médicos no interior do que na capital – são 56,8% contra 43,2%. Amazonas está no extremo oposto: 93,1% dos médicos se encontram na capital.
Do total de 4.844 médicos do Amazonas, 4.508 estão Manaus e 336, o que corresponde a 6,9%, estão em 62 municípios espalhados por uma área de 1,57 milhão de km². O estudo ressalta que os médicos do Amazonas representam 1,1% do total de profissionais do País.
O quadro de escassez de médicos nos interiores se repete em estados como Sergipe, com 91,8% de seus médicos em Aracaju, e Amapá, com 89,5% dos médicos em Macapá, segundo o levantamento. Em nove outros estados, mais de 70% dos médicos estão nas capitais.
Metade dos médicos no Sudeste estão no interior
Já nas regiões Sul e Sudeste observa-se um quadro diferente. Há uma taxa maior de médico por habitantes nos Estados e grande presença de profissionais no interior.
No Sudeste, 50,7% dos médicos estão em cidades do interior. Entre os estados das regiões Sul e Sudeste apenas o Rio de Janeiro apresenta mais médicos na capital – 64,4%.
Já a cidade São Paulo concentra 47,3% dos médicos do Estado; 52,7% atuam no interior. A capital conta com 4,98 médicos por mil moradores e o interior, 2,02.
Mas, segundo mostra o levantamento, há situações extremas: o interior de todos os Estados do Norte apresenta 0,47 médicos por mil moradores. Em cidades de 16 Estados do Norte e Nordeste, ocorre algo semelhante: há menos de um médico por mil moradores.
Em nove deles a razão médico por mil habitantes é menor que 0,5. Nos municípios do interior do Sudeste e Sul, a razão sobe para 1,89 e 1,53, respectivamente, mas ainda fica abaixo da razão nacional, que é de 2,18.
O estudo demonstra que extremos também atingem capitais. Vitória dispõe de 12,27 médicos por mil habitantes; no interior do Estado esse número cai para 1,43.
Moradores de Vitória contam com 8,59 vezes mais médicos que moradores do interior do Espírito Santo. Fazendo um paralelo, as cidades do interior das regiões Norte e Nordeste contam com 25 vezes menos médicos por mil habitantes que os moradores de Vitória.
Mulheres são maioria entre médicos mais jovens
Embora os homens ainda sejam maioria entre os médicos (54,4%), esse número vem caindo ao longo dos anos e as mulheres já são predominantes entre os profissionais mais jovens, sendo 57,4% no grupo até 29 anos e 53,7%, na faixa entre 30 e 34 anos.
Além de mais feminino, o perfil do médico brasileiro está mais jovem. A idade dos médicos em atividade no país está diminuindo. Hoje é de 45,4 anos.
Além disso, quatro especialidades concentram 38,4% de todos os títulos de especialistas no país: clínica médica, com 11,2%; pediatria, com 10,3%; cirurgia geral, com 8,9%, e ginecologia e obstetrícia, com 8%.
R7