Cerca de 20 mil atletas participam nesta sexta-feira (31), em São Paulo, da 96ª Corrida Internacional de São Silvestre. Os primeiros a largar na altura do número 2.000 da Avenida Paulista serão os cadeirantes, às 7h25 (horário de Brasília). Às 7h40, inicia a prova da Elite feminina. Os pelotões da Elite masculina e geral começam a enfrentar os 15 quilômetros da mais tradicional corrida de pedestrianismo do país a partir das 8h05.
A prova é disputada desde 1925 e passou a receber atletas do exterior em 1945. No ano passado, a corrida foi suspensa pela primeira vez, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Para ser realizada em 2021, a organização estabeleceu um protocolo sanitário no qual os competidores têm de estar vacinados e utilizarem máscaras, obrigatoriamente, nos momentos de largada e chegada e na área de concentração. Recomenda-se que a proteção seja mantida também durante o percurso.
Jejum
O Brasil vive um longo jejum nos pelotões de elite. A última vitória de um atleta do país foi em 2010, quando Marilson dos Santos conquistou o tricampeonato. De lá para cá, os quenianos Edwin Rotich (duas vezes), Stanley Biwott e Kibiwot Kandie e os etíopes Dawit Admasu (duas vezes, sendo a segunda representando o Bahrein), Tariku Bekele, Leul Aleme e Belahy Bezabh levaram a melhor na disputa masculina.
Bezabh, inclusive, está de volta na edição deste ano e desponta como um dos favoritos. Outro destaque é o queniano Elisha Rotich, que, neste ano, não apenas ganhou a Maratona de Paris, uma das mais tradicionais do mundo, como quebrou o recorde da prova francesa.
Entre as mulheres, a seca de vitórias é ainda maior. A última a chegar lá foi Lucélia Peres, em 2006. A etíope Yimer Wude Ayalew (tricampeã) e as quenianas Alice Timbilili (duas vezes), Pasalia Chepkorir, Priscah Jeptoo, Maurine Kipchumba, Nancy Kipron, Jemima Sumgong, Flomena Cheyech, Brigid Kosgei e Sandrafelis Chebet foram as ganhadoras desde 2007. Vencedora em 2018, Chebet tentará o bi nesta sexta.
Apostas
A principal aposta para encerrar a supremacia africana masculina nas ruas de São Paulo é Daniel Ferreira do Nascimento. O jovem de 23 anos foi o brasileiro mais bem colocado na última edição, em 2019, na sétima posição. A evolução desde então é significativa, tanto que Danielzinho – como ele é conhecido – se classificou para a Olimpíada de Tóquio (Japão) e atingiu, em dezembro, na cidade espanhola de Valencia, o segundo melhor tempo de um atleta do país na maratona.
“Estou em ótima forma, ótimo momento, trabalhando bastante a parte psicológica. Quero fazer a minha prova, sem olhar para os adversários. Na última São Silvestre, eu tinha voltado ao esporte havia seis meses. Não esperava ser o melhor brasileiro. Tive a oportunidade de evoluir e tempo para ajustar algumas coisas”, afirmou Daniel, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (30).
No feminino, Andreia Hessel (ganhadora da Maratona Internacional de São Paulo em 2018), Tatiele de Carvalho (pentacampeã do Troféu Brasil de Atletismo nos 10 mil metros) e Grazielle Zarri (melhor brasileira da última São Silvestre, na 11ª colocação) são as principais candidatas a frear o domínio africano. Nas últimas semanas, Grazielle estabeleceu as melhores marcas da vida em provas de dez quilômetros e de meia-maratona (21 quilômetros).
“Venho em um processo de evolução, mas estou bem preparada. No segundo semestre, tive uma sequência importante, que deu confiança para chegar bem na prova. Vou apostar no equilíbrio, dosando bem o ritmo e poupando a perna para o final, especialmente para a subida da [Avenida] Brigadeiro [Luís Antônio]”, disse a fundista, que também participou da coletiva.
Daniel e Grazielle, aliás, são namorados. Após a São Silvestre, eles planejam treinar juntos a partir de 2022 no Quênia, onde o brasileiro passou boa parte deste ano se preparando.
“Mesmo distantes, a gente consegue se manter unido. É um alicerce. Um segura o outro, dá força, ajuda a entender melhor nosso mundo. A partir do momento que o Daniel entrou na minha vida, os dois evoluíram muito como pessoas, seres humanos. A tendência é melhorarmos ainda mais, porque os dois vão trabalhar juntos”, destacou Grazielle.
“Na última São Silvestre, éramos só amigos ainda, mas convivemos desde 2013. Cândido Mota [cidade-natal de Grazielle] fica ao lado de Paraguaçu Paulista [onde nasceu Daniel], então a gente vem junto desde a base. Tenho de levá-la [para o Quênia], pois é o país dos campeões. E também para matarmos a saudade”, completou Daniel.
Reciclagem
Pela segunda edição consecutiva, a São Silvestre terá uma ação para reciclagem de copos plásticos. O projeto do Movimento Plástico Transforma, em parceria com a organização da prova, prevê o recolhimento e o envio dos copos distribuídos aos corredores a uma transformadora, para virarem dez mil caixas organizadoras, que serão doadas a entidades públicas de São Paulo. Em 2019, a iniciativa resultou em 900 lixeiras, entregues a escolas do interior paulista.
Agência Brasil