Na correria do dia a dia e obrigações domésticas, muitos pais se esquecem da importância de brincar com seus filhos. Essa falta de interação, entretanto, pode fazer diferença nos desenvolvimentos físico, cognitivo e social das crianças, de acordo com Patricia Camargo, que é jornalista e sócia do projeto Tempojunto, iniciativa que apresenta formas de melhorar a qualidade do tempo entre pais e filhos.
— Muito da evolução das crianças depende de resposta aos estímulos apresentados por elas por meio de brincadeiras. O que as pessoas não sabem, entretanto, é que as brincadeiras e outras atividades divertidas não devem ser encaradas como um peso a mais no dia a dia. Elas podem e precisam ser incorporadas à rotina com a criança. Além disso, brincar é sempre uma oportunidade de fortalecer vínculos entre o bebê e seus pais.
Nesta quinta-feira (4), Patricia e sua sócia, Patricia Marinho, participaram do 3º Seminário Internacional Pais e Filhos, ciclo de palestras promovido pela Revista Pais&Filhos que aborda temas relacionados à vida em família. Ao R7, as especialistas deram algumas dicas de como transformar o tempo curto de que os membros de uma família dispõem juntos nos dias hoje em momentos preenchidos por atividades prazerosas.
1. Associe situações complicadas do dia a dia a brincadeiras divertidas
O trânsito no caminho de casa para a escola que deixa muitos adultos estressados pode ser transformado em uma horinha para a leitura das crianças, por exemplo. Mesmo que elas não saibam ler, podem apontar figuras de animais em livros e brincar de imitar, junto com os pais — enquanto estão na direção —, de imitar os sons que cada bichinho faz. O mesmo pode ser aplicado a outras situações desafiadoras na rotina com os pequenos, diz Patricia Marinho: “Na hora de chamar minha filha para o banho, eu costumo perguntá-la se ela prefere ir até o chuveiro fazendo passos de gigante ou passos de bailarina. Vira um momento divertido. O importante é não ter medo do ridículo”, ri.
2. Saiba que brincadeiras não dependem de brinquedos
Patricia Marinho afirma que qualquer utensílio doméstico pode ser transformado em um objeto lúdico.
— Para uma criança, um pote e uma colher não são necessariamente um pote e uma colher. Você pode entregar a ela esses objetos e ela vai transformar aquilo em instrumentos musicais. Ela mesma desenvolve a brincadeira. Uma rolha, por exemplo, pode se transformar em um pincel, enquanto corante para comida pode virar tinta e por aí vai.
3. Envolva os filhos nas tarefas domésticas
Crianças, especialmente bebês, não sabem que colocar a mesa, varrer a casa e outras atividades do tipo são tarefas domésticas. “Para elas, tudo isso também pode ser brincadeira”, explica Patricia Camargo. Permitir que os pequenos tentem receitas simples — como a gelatina — enquanto a mãe cozinha ou providenciar uma vassourinha para que eles ajudem a limpar a casa são apenas alguns exemplos de como transformar funções corriqueiras do cotidiano em brincadeiras prazerosas.
4. Participe das brincadeiras que envolvem tablets, computadores e outros dispositivos digitais
“Meu filho joga Minecraft. Aprendi a jogar e agora brinco com ele”, conta Patricia Camargo. As sócias da Tempojunto reforçam que a era digital é uma realidade que deve ser aceita e incorporada pelos pais. Oferecer opções de brincadeiras que não envolvam tecnologia, entratanto, também é importante. Para elas, as crianças devem encontrar em casa brinquedos, espaços e atividades que tornem a vida longe das telinhas igualmente interessante e divertida.
— Também não vale mandar seu filho sair do computador se você passa o tempo todo no celular falando no Whatsapp. Conheça a criança que você tem em casa, ofereça a ela boas alternativas de brincadeiras aos dispositivos digitais e participe das atividades.
5. Quebre a rotina
Na casa de Patricia Marinho, toda sexta-feira os filhos dormem em colchonetes ao lado da cama da mãe. “Foi um jeito que encontrei de quebrar a rotina. Nós imitamos bichos com as mãos contra a luz do abajur e eles sabem que têm um dia especial pra isso”, relata a especialista. Desta forma, as crianças não insistem para dormir ao lado dos pais em outros momentos da semana e a vida da família ainda ganha uma brincadeira diferente ao longo da semana.
6. Respeite a brincadeira das crianças
O erro mais cometido pelos pais durante o tempo que passam junto com seus filhos, de acordo com as sócias da Tempojunto, é tentar mandar na brincadeira dos pequenos. O melhor a fazer, segundo Patricia Marinho e Patricia Camargo, é entrar no jogo deles e respeitá-los como indivíduos.
— É importante que os pais se ajoelhem, olhem nos olhos das crianças, brinquem de igual para igual e não se importem se atividade está seguindo uma direção ou outra. Não vale ditar as regras das brincadeiras dos pequenos. Use o momento para conhecer seus filhos e assuma o papel de mediador do universo, para que naquela hora eles conheçam coisas novas.
R7