“Pequenas manchas surgem na pele logo depois de uma visita ao clube ou após as férias na praia. Para quem não faz idéia do que pode ser, a resposta é uma só: micose. No entanto, nem toda mancha nítida pode ser chamada de micose, como popularmente acontece. Como as lesões na pele são semelhantes, apenas um médico tem condições de fazer o diagnóstico correto. A chamada micose “de verão” pode, na verdade, ser uma alteração na pele causada pela exposição prolongada ao sol. A coincidência é que a verdadeira micose é um problema beneficiado pela umidade. Ou seja, pode ocorrer com mais frequência nos clubes, nos vestiários de academia ou em outros ambientes semelhantes”.
As micoses superficiais são doenças que acometem a pele, causadas pela ação dos fungos, que utilizam a camada mais superficial da pele como alimento. Há diversos tipos de micose causadas por grupos diferentes de fungos. O problema, que se propaga com rapidez, pode aparecer em locais variados, como braços, virilha, pés e mucosas. Os tipos mais comuns de fungos causadores de micose estão presentes na própria pele dos seres humanos ou então em animais como gatos e cachorros. A existência natural dos fungos na pele não significa que todas as pessoas terão micose. Para que a doença acometa as pessoas, são necessários alguns fatores, como uma queda no sistema de defesa do organismo. Com isso, o fungo penetra na pele e, encontrando condições ideais, se desenvolve. A umidade, o calor e lesões na pele são algumas características que agradam esses agentes patogênicos, facilitando sua proliferação.
É comum que a micose tenha denominações específicas, conforme a área que atinge. Entre os dedos do pé, por exemplo, a micose é chamada de “frieira”. Sua ocorrência neste local é frequente em pessoas que não enxugam os pés adequadamente ou que usam sapatos fechados por longos períodos. A dificuldade na absorção do suor deixa os pés úmidos. O calor mantido dentro do sapato associado à umidade favorece a ação dos fungos. Outro tipo comum de manifestação da micose, cientificamente chamada de tinha, é a que ocorre na pele, em diversas regiões do corpo, sobretudo na virilha, nas mãos e na face. Nestas áreas, surgem manchas avermelhadas, de tamanhos variados, que têm a borda nítida e parecem descamar.
No couro cabeludo, a micose é conhecida popularmente como “pelada”. Nesta região, a doença aparece em placas, onde há perda de cabelo e descamação. É frequente que a “pelada” apareça na infância, depois que a criança tem contato com animais que têm o fungo ou até mesmo com outros colegas que tenham o problema. Se não for tratada, a “pelada” evolui, causando falhas de cabelo que são permanentes. Nas unhas, a chamada onicomicose provoca espessamento. As unhas ficam opacas e com tonalidades amareladas, podendo descolar.
A candidíase também é um tipo de micose, que afeta a boca e a vagina, podendo atingir, em casos mais raros, os dedos da mão. Nesses casos menos comuns, a doença aparece entre os dedos, a partir do contato frequente com água. Dói e, às vezes, inflama, podendo contribuir para o aparecimento da micose nas unhas. A candidíase também pode aparecer em crianças que usam fraldas, causando desconforto no bebê. Já a candidíase vulvovaginal provoca corrimento, além de manchas avermelhadas e úmidas. Neste caso específico de micose, o uso de anticoncepcionais ou outros tipos de medicamentos e a existência de doenças sistêmicas podem contribuir para o aparecimento do problema. A candidíase, quando acomete crianças, é conhecida popularmente como “sapinho”. No bebê, o “sapinho” não tem gravidade. No entanto, seu aparecimento em adultos pode revelar a existência de uma doença sistêmica, como por exemplo a Aids. “Se a pessoa percebe que a cândida está aparecendo com frequência, sem responder adequadamente aos tratamentos, é preciso investigar os fatores que a estão provocando”, recomenda a dermatologista.
Os adolescentes também são vítimas dos fungos, principalmente com a ocorrência da pitiríase versicolor, também chamada de “impigem”. Este tipo de micose se caracteriza pelo aparecimento de manchas esbranquiçadas ou rosadas por toda a pele. O fungo causador da pitiríase precisa de um alimento mais gorduroso, o que encontra com frequência na pele de um adolescente. A pitiríase é comum entre os jovens, mas pode também se repetir ao longo da vida. Isso ocorre quando a pessoa não tem resistência ao fungo.
O diagnóstico das micoses superficiais não é difícil. No entanto, o problema pode ser confundido com alergias, outras alterações na pele e psoríase. Para comprovar a doença, é comum que o dermatologista peça um exame em que as manchas são raspadas e analisadas para verificar a presença do fungo. A micose, normalmente, não é um problema grave ou que traz complicações. Mas é preciso ficar atento, pois seu aparecimento pode revelar a presença de outras doenças mais sérias ou de deficiências imunológicas. Como a pele tem um sistema de vigilância natural, o fungo só se desenvolve quando encontra oportunidade: o sistema de defesa cai por fatores internos ou por causas externas, como falta de higiene e cuidados.
O tratamento da micose sempre vai depender do local atingido, da extensão e das características do caso. A medicação local à base de antifúngicos costuma ser a mais adotada, sobretudo nas manchas menores que aparecem na pele. Os medicamentos têm apresentações variadas como sprays, pomadas, cremes ou soluções. Entre os dedos, a solução pode ser a medicação mais adotada. Se o quadro de manchas na pele é extenso, o spray costuma ser o mais recomendado. Muitas vezes, as lesões na pele só desaparecem algum tempo depois que o tratamento já terminou.
O preço dos medicamentos é variado: há opções mais baratas e com custo mais elevado. O tempo de tratamento também não é determinado. Muitas vezes, o uso da medicação pode ser mantido por três ou quatro semanas. A onicomicose pode ser tratada com a aplicação de remédios apresentados sob a forma de esmalte. Se mais da metade das unhas já foi atingida, no entanto, recomendamos a medicação oral. O mesmo ocorre no couro cabeludo, nas manchas mais extensas na pele e em algumas formas de candidíase. A candidíase vulvovaginal também pode ser tratada com cremes vaginais. Já o “sapinho” é tratado com medicação oral e com limpeza da área atingida.
Há alguns cuidados que podem ser adotados para prevenir a ocorrência das micoses superficiais. A higiene é o primeiro passo. Principalmente nas áreas preferidas pelos fungos – como entre os dedos do pé e na virilha – é preciso manter a pele sempre seca, enxugando com cuidado após o banho. As unhas devem receber um cuidado especial, sendo mantidas sem traumas. É adequado evitar o uso prolongado de tênis ou de sapatos fechados. Frequentadores de clubes e vestiários também devem evitar pisar descalços em locais úmidos, onde outra pessoa com micose pode ter pisado.
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