A partir desta quarta-feira (19), que antecede o início oficial do Carnaval de Salvador, a Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis) começará uma campanha de conscientização nos entornos do Parque Marinho da Barra, que delimita uma área de mais de 300 mil metros quadrados entre o Farol e o Forte de Santa Maria.
A campanha, que se estenderá até a Quarta-feira de Cinzas (26), consiste numa atuação que se dará em três segmentos: no mar, na faixa de areia e no circuito Barra-Ondina, entre os fortes Santa Maria e Santo Antônio (Farol).
“Esse é o primeiro Carnaval depois de o Parque Marinho da Barra ter sido criado. Sabemos que o Carnaval, devido ao grande número de pessoas, é uma festa que gera muito resíduo. Por isso, é muito importante que não só o poder público faça a sua parte, realizando ações de conscientização e preservação do local, mas que também o folião entenda a importância de não sujar a praia, não poluir o mar e de respeitar os limites do parque”, frisa André Fraga, secretário da Secis.
Ações – Nos limites do Parque Marinho, será instalada uma sinalização entre as 13h e 17h dos dias de festa, que visa conscientizar a comunidade náutica sobre a importância de não fundear suas embarcações dentro dos limites do parque. Neste sentido, a Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos da Bahia, apoia as ações de preservação no meio ambiente marinho.
No pós-Carnaval, como acontece desde 2010, o projeto voluntário Fundo da Folia, formado por moradores da Barra, contribui com a remoção dos resíduos descartados ao longo do período carnavalesco pelos foliões e que têm como destino final o fundo do mar.
Na areia das praias, agentes ambientais irão promover a sensibilização, bem como a entrega de sacolas biodegradáveis para os banhistas e de sacolas plásticas para os ambulantes acondicionarem devidamente os resíduos produzidos. A ação será realizada pela Secis em parceria com a Limpurb, com o projeto “A Onda é Preservar, Praia Boa é Praia Limpa”, numa atividade alinhada à preservação do Parque Marinho.
Por último, na Av. Oceânica, a expectativa é que artistas puxadores de trios levem mensagens de educação ambiental aos foliões e informações de conscientização a respeito do parque. Essa campanha conta com o apoio do Fundo da Folia, Limpurb, Primeiro Corpo de Bombeiros Voluntários do Estado da Bahia, Yacht Clube da Bahia, Associação de Moradores e Amigos da Barra (Amabarra) e IF Baiano.
Educação – Para o professor José Rodrigues, do Instituto Federal Baiano (IF Baiano) – organização parceira na concepção da campanha -, o caráter educativo da campanha a ser realizada. “A gente precisa trazer para fora d’água esta consciência. Trata-se de um espaço urbano submerso. A população, de maneira geral, enxerga a cidade indo até a linha da areia, no máximo, e, da linha da água para frente, ela enxerga como outro ambiente, quando, na verdade, não o é. Isso precisa mudar”, afirmou.
História – Com uma área de mais de 300 mil metros quadrados, o Parque Marinho da Barra, primeiro e único da capital baiana, surgiu a partir da atuação do Fundo da Folia. O grupo, que, além de realizar a limpeza do mar após o Carnaval, passou a realizar a divulgação de textos e imagens nas mídias em geral, em instituições de ensino, entidades públicas e empresas, em meados de 2012, chegou à conclusão de que as ações não estavam surtindo o efeito esperado com relação à conscientização da população e à diminuição de lixo.
Diante desse quadro, nasceu a ideia do Parque Municipal Marinho da Barra, que seria uma unidade de conservação ambiental entre o Farol e o Porto como forma de resguardar o ecossistema marinho e o conjunto de patrimônios culturais da localidade. Mas foi só em 2014 que o projeto começou a sair do papel, a partir de debates realizados na Universidade Federal da Bahia (Ufba) por meio de voluntários do projeto que eram estudantes do curso de Oceanografia.
Já em 2017, a Prefeitura abraçou a causa, e foi formado um grupo de trabalho com representantes da Secis, Ufba, Unifacs, Instituto Federal Baiano e Fundo da Folia, a fim de dar seguimento à criação do parque. Em novembro de 2018, sua implantação foi pauta de uma audiência pública realizada no Instituto de Biologia da Ufba, com a participação de especialistas em meio ambiente, representantes do 2º Distrito Naval da Marinha, moradores da Barra e estudantes, além de agentes da Prefeitura.
Finalmente, com base em estudos desenvolvidos pelos centros de ensino e universidades e em parceria com o Fundo da Folia, o projeto de implantação da área de conservação foi elaborado. Em 13 de abril de 2019, foi assinado pelo prefeito ACM Neto o decreto de criação do parque, que estava prevista Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e na Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo (Louos).
Além das ações de preservação, que envolvem regras para o fundeio de embarcações, a regulamentação da prática de mergulhos e a restrição da pesca no local, há também uma preocupação com o fomento de atividades ligadas ao turismo ecológico, pesquisas científicas e práticas de educação ambiental, sob a coordenação da Secis.