Inca estima 65,8 mil novos casos em 2022 do tipo de tumor mais incidente entre os homens, exceto o câncer de pele não melanoma; Novembro Azul alerta para importância do diagnóstico precoce
O aumento da incidência do câncer de próstata no Brasil nos últimos anos pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos, melhoria na qualidade dos sistemas de informação e aumento na expectativa de vida. Por outro lado, os pacientes com diagnóstico da doença têm como grandes aliados modernos tratamentos e a incorporação da tecnologia aos procedimentos cirúrgicos. Para o triênio 2020-2022, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 65.840 novos casos, correspondendo a 29,2% dos tumores no sexo masculino. A Bahia terá 6.130 ocorrências, sendo 1.090 em Salvador.
Nos homens, o câncer de próstata é o primeiro em incidência (exceto pele não melanoma) e o segundo em causa de morte, atrás do tumor de pulmão. Engajado em mais um Novembro Azul, dedicado à conscientização sobre o câncer de próstata, o urologista Juarez Andrade, coordenador do Serviço de Urologia da AMO, reafirma a importância do diagnóstico precoce, capaz de elevar as chances de cura para mais de 90%, e comemora avanços no combate à doença. “A gente se move pela causa, por tratar e cuidar, pela antecipação e por quebrar tabus” é o slogan da campanha da AMO deste ano.
“Tratamentos a partir da privação de andrógenos (terapia hormonal) ou outras quimioterapias permitem que pacientes com doença em estágio avançado vivam por muito mais tempo e não morram de câncer de próstata”, diz Juarez Andrade, que também aponta benefícios dos novos medicamentos e da tecnologia no tratamento cirúrgico. As terapias focais minimamente invasivas têm sido utilizadas para o combate ao câncer de próstata de risco intermediário. “Direcionadas apenas para a área afetada pelo câncer, a crioablação e a terapia por radiofrequência, por exemplo, destroem o tumor por congelação e por calor, respectivamente”, explica Juarez Andrade.
“O tratamento padrão ouro, no entanto, que melhores resultados oferece na busca pela cura é a cirurgia robótica. A ferramenta é uma evolução da intervenção laparoscópica que permite uma cirurgia minimamente invasiva, com visualização em 3D, com mínimo sangramento e melhor preservação das estruturas que controlam a urina e a função sexual. Os pacientes, na sua maioria, podem caminhar no mesmo dia e têm alta hospitalar no dia seguinte”, esclarece o especialista.
Rastreamento
A rotina de exames para investigação do câncer de próstata deve ser iniciada entre 45 e 50 anos de idade, se o paciente não tiver histórico familiar. “Essa recomendação muda para a população afrodescendente, devendo ser iniciada aos 40 anos, pois estudos revelam mais chances de esses homens terem o câncer precocemente e desenvolverem a forma mais grave”, esclarece o especialista.
O urologista explica ainda que o principal fator de risco é a idade e, em 75% dos casos, a doença surge a partir dos 65 anos. Além disso, estão entre outros agravantes os fatores hereditários, tabagismo, excesso de gordura corporal e exposições a substâncias comuns na indústria química, mecânica e de transformação de alumínio (como as aminas aromáticas), arsênio (usado como conservante de madeira e agrotóxico) e derivados de petróleo.
O diagnóstico pode ser feito por exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos. O toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) são os mais usados e ainda precisam ser feitos. “Mais recentemente foi incorporada a ressonância magnética multiparamétrica da próstata, que só deve ser solicitada por um urologista depois de ter examinado o paciente”, pontua Juarez Andrade, acrescentando que a confirmação do câncer se dá através da biópsia.
Sintomas – A próstata envolve a porção inicial da uretra e produz parte do sêmen. “Alguns tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos, sobretudo para os ossos, podendo levar à morte. A maioria, no entanto, evolui lenta e silenciosamente, geralmente sem sintomas”, observa. Quando ocorrem, os sintomas são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata: dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite, e sangue na urina ou no sêmen. “A qualquer alteração, a recomendação é a busca pela avaliação do urologista”, orienta.