Pessoas que fumam possuem até 30 vezes mais chances de desenvolver a doença
Não é por acaso que no mês em que se destaca a prevenção do câncer de pulmão comemora-se também o Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto), principal causa da doença. Para 2019, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima o surgimento de quase 19 mil novos casos de tumores de pulmão, traqueia e brônquio em homens e mais de 12 mil novos casos em mulheres.
O coordenador do Serviço de Pneumologia do Hospital Cárdio Pulmonar, o pneumologista Marcel Albuquerque, diz que o câncer de pulmão é a principal causa das mortes evitáveis no mundo e que a incidência depende de alguns fatores, como a carga tabágica e a idade. No entanto, as pessoas que fumam têm até 30 vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão.
“Tabagistas com alta carga de tabaco, por longo período têm risco acumulado de 30% de desenvolver câncer de pulmão durante a vida”, alerta. “A cessação do tabagismo está claramente associada à redução do risco de desenvolvimento de câncer de pulmão, assim como também à diminuição da possibilidade de surgimento de novo tumor associado”, explica Marcel Albuquerque.
Diagnóstico e tratamento
Os casos de câncer de pulmão no Brasil só são identificados em estágio avançado em 86,2% dos pacientes. Os dados são da organização não governamental Instituto Oncoguia, a partir dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC) do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Na questão do diagnóstico precoce, o coordenador de Medicina Respiratória do HCP, o pneumologista Ricardo Sales ressaltou a necessidade de identificar a população de risco; em geral fumantes acima de 55 anos ou ex-fumantes que tenham parado nos últimos 15 anos. “Essas pessoas merecem realizar ao menos uma vez no ano a tomografia torácica de baixa dose”, pontua.
“O diagnóstico tardio diminui a expectativa de vida. Quando descoberto no estágio inicial, a chance do paciente morrer nos próximos cinco anos é de 64%. Caso o tumor já esteja no terceiro estágio a probabilidade de morte em cinco anos sobe para 87%”, diz Sales.
A pesquisa do Oncoguia apontou, ainda, que o diagnóstico tardio é pior em algumas partes do país. Na Bahia, 95% dos casos da doença são diagnosticados tardiamente. No estado de Sergipe, o número chega a 100%.