O câncer de pulmão mais frequente no país, o subtipo não pequenas células metastático não escamoso, que representa 85% dos casos da doença, ganhou um tratamento combinado, então inédito no Brasil, que aumenta a sobrevida dos pacientes em 20%, segundo o oncologista torácico William Nassib William, diretor médico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
A associação de três métodos – quimioterapia, imunoterapia e medicamentos antiangiogênicos – foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) esta semana e já está disponível para uso na rede privada.
“Essas drogas já estavam aprovadas, mas não para serem administradas juntas. Trata-se de um conceito inovador de tratar o câncer de pulmão. O tratamento age na doença por vários ângulos”, explica o oncologista.
Enquanto a quimioterapia ataca as células cancerígenas, o antiangiogênico reduz o crescimento de vasos sanguíneos no tumor e a imunoterapia bloqueia o PD-L1, uma proteína encontrada no tumor que impede a ação do sistema imunológico contra ele. Os medicamentos são aplicados pela veia uma vez a cada três semanas.
Um estudo publicado na revista científica The New England Journal of Medicine mostrou que a resposta ao tratamento, com redução do tumor, com a nova combinação, foi de 63,5% e o risco de morte diminuiu 22%.
O oncologista ressalta ainda a eficácia do uso da combinação em pacientes com turmores com mutações EGFR e ALK, mais comum em não fumantes (50%), quando o tratamento com medicação via oral falha, prolongando também a vida dessas pessoas.
“O tratamento via oral tem alta chance de controlar a doença por um período. Quando essa terapia perde a eficácia, agora a opção é esse novo tratamento combinado”, afirma.
Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil, ficando atrás do câncer de pele não melanoma. É o primeiro em todo o mundo tanto em incidência quanto em mortalidade.
“Esse novo tratamento é um arsenal em um único tratamento contra o câncer. Sem dúvida um grande avanço para esses pacientes que não tinham opção altamente eficaz”, finaliza Nassib.
R7