Rogério Caboclo vai ser eleito na tarde desta terça-feira presidente da CBF para um mandato de quatro anos, inicialmente programado para ter início em abril de 2019.
Candidato único, ele praticamente será aclamado, pois conta com o apoio de 25 das 27 federações estaduais, de 17 dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro e, estima-se, da totalidade das agremiações da Série B, apesar de tentativa do Ministério Público de cancelar o pleito. O senador Romário também tentou impedir a eleição.
A candidatura, e a eleição de Caboclo, foi arquitetada pelo presidente afastado da entidade, Marco Polo Del Nero – está suspenso pela Fifa, investigado no escândalo de corrupção envolvendo dezenas de dirigentes do futebol latino-americano.
Para isso, foram oferecidas benesses a dirigentes de federações, como viagens com todas as despesas pagas para a Copa da Rússia, além da manutenção e reforço do “mensalinho” pagos às entidades estaduais, que chegaria a R$ 100 mil a cada 30 dias com a verba destinada a elas (R$ 75 mil) e a seus dirigentes. Como novo comandante da CBF, Caboclo será o chefe da delegação do Brasil na Rússia.
Além disso, serão criadas quatro novas vice-presidências, passando a ser oito. Os novos assentos serão de presidentes de federações: Francisco Novelletto, da Gaúcha (até recentemente opositor à administração Del Nero), Ednaldo Rodrigues (da Bahiana), Antonio Aquino Lopes (da Acreana) e Castellar Guimarães (Minas Gerais).
O presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, tentou ser candidato. Mas teve seu desejo “implodido” e não conseguiu sequer o apoio de oito federações e cinco clubes para que pudesse registrar uma chapa. Além deles, Rubens Lopes, da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, não apoia Caboclo. Os clubes que se mostraram “contra” ele são Flamengo, Corinthians e Atlético Paranaense.
Perfil
Advogado e administrador de empresas, Rogério Caboclo é de uma família ligada ao São Paulo – seu pai, Carlos Caboclo, foi diretor do clube – e entrou de maneira mais efetiva no futebol há menos de 20 anos. Ele tem 45. Inicialmente, exerceu cargo na diretoria financeira do clube do Morumbi. Pouco depois, chegou à Federação Paulista, onde estreitou relações com Del Nero.
Discreto, é avesso às entrevistas. No entanto, se mostra objetivo e firme. Transmite suas ideias e o que pretende com clareza, e não tem dificuldade em dizer “não”. Com esse perfil, e também tendo na lealdade como característica, logo caiu nas graças do então presidente da FPF. Na entidade, Del Nero o tinha como homem de confiança. Tanto que exerceu vários cargos na área financeira, e também foi o responsável por alguns projetos na casa.
Quando Del Nero assumiu a CBF, em 2015, levou Caboclo para a entidade para assumir o posto de diretor executivo de gestão. Com o passar do tempo, e com as complicações em que o então presidente se meteu a reboque do escândalo de corrupção envolvendo contratos de marketing e de venda de direitos de várias competições internacionais, ele foi ganhando espaço.
Nos bastidores da CBF há quem diga que, desde o primeiro afastamento de Del Nero – um ano antes de ser suspenso pela Fifa havia pedido licença sob o argumento de preparar sua defesa às acusações que recaiam sobre ele -, quem comanda de fato a entidade é Caboclo. De direito, o presidente atual é o coronel Antonio Nunes, que assumiu por ser o vice-presidente mais velho, mas que pouco faz de prático.
Caboclo chegou a desagradar presidentes de federações e até de clubes, justamente por sua facilidade em negar pedidos. Mas hoje tem o apoio da maioria deles por causa da influência de Del Nero e também por movimentos próprios defendendo interesses dos clubes. Foi o caso do lobby para que as punições previstas no Profut aos times que aderirem ao programa e não cumpriram o combinado não fossem aplicadas neste ano.
A Caboclo também é atribuída a valorização da Copa do Brasil, cujo premiação aos clubes participantes cresceu bastante a este ano, tornando o torneio de longe o mais compensador do ponto de vista financeiro.
Caboclo, que também foi diretor o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, com salários mensais que chegariam a R$ 100 mil, exerce função semelhante no Comitê Organizador Local da Copa América de 2019, que o Brasil vai sediar. Ele também já foi escalado pela CBF para ser o chefe da delegação da seleção brasileira durante a Copa do Mundo da Rússia.
R7