Estruturação de um arranjo produtivo local para o Território Santo envolve universidades como a UNIFACS, empresas, instituições e diversos agentes
Quantos atrativos religiosos se escondem nos caminhos percorridos pela primeira santa brasileira, Irmã Dulce, em Salvador? Com o objetivo de responder a pergunta e oferecer a baianos e turistas esse mapeamento, estudantes e professores da UNIFACS estão participando na estruturação de um Arranjo Produtivo Local (APL) para o chamado Território Santo, região entre a Basílica da Conceição da Praia, no Comércio, até a Igreja da Penha, localizada na península de Itapagipe.
A delimitação do Território Santo acontece após a canonização de Irmã Dulce, com o reconhecimento pelo Vaticano de dois milagres atribuídos a ela. Com esse APL, o objetivo é estruturar um ecossistema que reúne as culturas locais e atores sociais dessa região a fim de fomentar o turismo no entorno do santuário de Irmã Dulce no Largo de Roma e em todos os pontos religiosos da Cidade Baixa, dinamizar a economia local, fortalecer as comunidades existentes nesse perímetro e estimular também o desenvolvimento social.
Além da UNIFACS, o projeto do APL envolve múltiplos agentes como UFBA, UCSAL e UNEB, além de membros das Obras Sociais Irmã Dulce, Pastoral do Turismo, Sebrae, Rede CAMMPI, Banco do Nordeste e representantes da iniciativa privada. Ao todo, são diferentes grupos de trabalho atuando para levantar informações que ajudarão no APL do Território Santo.
O coordenador do Mestrado em Direito, Governança e Políticas Públicas da UNIFACS, professor José Gilea Souza, lidera o grupo de trabalho “Atrativos Turísticos Religiosos”, que está responsável por mapear todos os monumentos e pontos religiosos existentes nessa região denominada de Território Santo.
O professor conta que até o momento foram mapeados 15 atrativos na região por onde circulou Irmã Dulce e que o trabalho agora consiste em consolidar esse mapa para pleitear melhorias ao Poder Público e estimular o fluxo de visitantes. “Com tais atrativos identificados, o turista, ao invés de ir a um só lugar, pode percorrer os diversos pontos para fruir de fato uma completa experiência de turismo religioso”.
O mapa turístico religioso do Território Santo inclui a Basílica da Conceição da Praia, a Igreja do Pilar e Santa Luzia, Igreja da Santíssima Trindade, Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim, Igreja dos Mares, Igreja do Bonfim, Nossa Senhora dos Alagados, Igreja do Bom Jesus dos Navegantes, o Santuário de Irmã Dulce Nossa Senhora da Penha de França, Basílica do Senhor do Bonfim e Paróquia de São Jorge.
“Após a canonização, o Santuário de Irmã Dulce tem recebido muitas visitas. Com o APL, estamos mostrando que existem opções complementares nesse trajeto e queremos fomentar uma vivência de fé semelhante aos roteiros religiosos de Bom Jesus da Lapa, no interior baiano, e de Aparecida, em São Paulo”, acrescenta o professor.
Com mais de 300 anos de tradição, as romarias em Bom Jesus da Lapa atraem uma média de 2,5 milhões de turistas anualmente. Só na última realizada em agosto, cerca de 600 mil visitantes passaram por lá. Exemplo de outra localidade que mantém viva suas experiências de fé, estima-se que Aparecida represente 65% dos viajantes que praticam turismo religioso no Brasil. “Ao mapearmos o Território Santo, nossa expectativa é inseri-lo nessa rota turística-religiosa”, pontua Gilea.