“Ele [homem preso] recebia o recurso, ganhava muito dinheiro vendendo droga para o exterior. Essa droga ia para a Europa e esse recurso tinha que ser, de alguma forma, esquentado, já que o dinheiro que ele recebia era ilícito. Ele não tinha nenhuma atividade lícita, então, ele tinha que ter alguma forma [de lavar o dinheiro] comprar imóvel, obra de arte, porque ele tinha um patrimônio de cerca de R$ 30 milhões”, afirmou o delegado Fábio Muniz, superintendente da Polícia Federal em exercício na Bahia.
A identidade e a idade do casal não foram divulgadas. O homem preso era o chefe da organização criminosa e já tinha sido capturado pela PF, em 2016, com 810 kg de cocaína em um sítio na região metropolitana de Salvador. A droga seria levada para a Bélgica em um contêiner com carga de polpa de frutas. O homem já foi condenado pelo crime de 2016 e cumpria prisão domiciliar, segundo o superintendente da PF, por questões de saúde.
Após a prisão nesta quinta, ele e a mulher foram levados para a Delegacia da Polícia Federal e serão encaminhados para o presídio da capital. Eles vão responder pelo crime de organização criminosa.
Ainda conforme Fábio Muniz, a investigação não apontou que o chefe da organização criminosa continuou a transportar drogas, porquê, depois de 2016, não houve outras apreensões. No entanto, as investigações apontaram que o homem movimentava grande quantidade de dinheiro provenientes do tráfico e de bens adquiridos com o dinheiro do crime.
“Ao continuar a investigar a organização criminosa, verificou-se uma grande movimentação finaceira. Essa pessoa que foi presa hoje novamente movimentou mais de R$ 50 milhões pela sua conta e pela conta da sua esposa, inclusive mandando dinheiro para o exterior para essas contas offshore, tentando ocultar o recurso ilícito, movimentando o recurso para o exterior para impedir a tributação e dificultar a [identificação] da origem do recurso”, informou o superintendente da PF em exercício na Bahia.
De acordo com Muniz, as contas do casal foram bloquedas e os imóveis sequestrados. Os bens estão à disposição da Justiça.
“Nós focamos no sequestro dos imóveis. Ele tinha imóvel de muito valor em um condomínio conhecido aqui em Salvador, como tinha imóvel também em São Paulo. Fizemos buscas nos imóveis e estamos aguardando os resultados”, disse Fábio Muniz.
Operação da PF
A ação da Polícia Federal ocorreu na manhã desta quinta-feira. Além dos dois mandados de prisão preventiva cumpridos no Condomínio Alphaville, na capital baiana, a operação, batizada de “Prelúdio”, foi deflagrada também nos municípios de Valença e São Paulo para cumprimento de seis mandados de busca e apreensão, além de bloqueio de valores em contas bancárias e sequestro de bens adquiridos com recursos do tráfico de drogas.
Os alvos dos mandados de prisão são de São Paulo, mas, conforme a PF, moravam em Salvador. O chefe da organização criminosa também teve mandado de prisão cumprido em agosto de 2017, quando descumpriu determinação judicial de prisão domiciliar ao tentar embarcar para São Paulo com uso de documento falso.
Trinta policiais federais participaram da operação nesta quinta. Conforme a PF, a ação partiu de uma investigação relativa à apreensão dos 810 Kg de cocaína. A investigação apontou também que o casal já tinha sido preso no ano de 1993, quando tentavam enviar cocaína para os Estados Unidos através do Porto de Fortaleza.
Além disso, segundo o órgão, foi possível identificar que o chefe da organização criminosa utilizava empresas de fachada, sediadas na cidade de Valença, no baixo sul da Bahia, para realizar exportações de cargas lícitas, onde eram ocultadas as drogas transportadas para a Europa.
Também foi comprovado que ele construiu um patrimônio superior a R$ 30 milhões nos últimos anos, mesmo sem possuir uma atividade lícita para a obtenção desse montante, e que, entre 2010 e 2017, movimentou mais de R$ 54 milhões em contas bancárias dele e da esposa.
G1