A psoríase é uma doença de pele, crônica, autoimune e não contagiosa que atinge cerca de 2,6 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Ela é caracterizada por placas vermelhas que descamam e, em até 60% dos casos, também atinge as articulações. Por afetar diretamente a aparência e ser cercada de preconceito, também gera consequências para a autoestima, o convívio social e aumenta o risco de transtornos psiquiátricos.
De acordo com o dermatologista e especialista em psoríase Dimitri Luz, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), a doença não tem uma causa bem definida, mas existe uma predisposição genética, que é fator essencial, e a influência de outros aspectos, como obesidade e o hábito de fumar.
“Está escrito no DNA da pessoa que ela vai desenvolver a doença. E, quando ela entra em contato com alguns ‘eventos-gatilho’, o sistema imune passa a produzir algumas susbstâncias químicas que causam inflamação”, explica.
“Uma pele que demoraria 28 dias para se formar, no indíviduo com psoríase se forma em 7 dias. Por isso que fica aquela camada espessa”, destaca.
As partes do corpo afetadas com mais frequência pelas lesões são cotovelos, joelhos, couro cabeludo, unhas, palmas das mãos e plantas dos pés, segundo o Ministério da Saúde. “Às vezes, a pessoa pensa que está com micose, mas não é”, observa Luz.
“A doença piora quando há estresse psicológico muito forte, hábitos pouco saudáveis e falta de exercício”, completa.
O especialista afirma que entre 47% e 60% dos pacientes com psoríase desenvolvem artrite psoriásica, quando a inflamação atinge também as articulações, causando fortes dores – inclusive na coluna. “Isso acontece depois que a psoríase está bem estabelecida, mas não dá para estabelecer um tempo específico [para o surgimento]”, detalha.
Segundo o dermatologista, a psoríase também aumenta o risco de desenvolver outras doenças, como infarto, diabetes , DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e transtornos psiquiátricos.
Os prejuízos para a saúde mental e o convívio social acabam sendo inevitáveis diante do estigma acerca da doença. “É difícil lembrar de um paciente que não teve sua vida modificada. Eles enfrentam o preconceito na rua. Às vezes, sentam no ônibus e a outra pessoa sai do lado dele. Recebem apelidos na escola. Na vida adulta, as pessoas ficam perguntando”, exemplifica.
Por essas razões, muitos tentam esconder as lesões e usam roupas de frio, mesmo no calor.
“Uma paciente, que me marcou muito, chorou na primeira consulta, porque ela acreditava que não tinha tratamento e, quando eu falei que estava com ela, que a gente ia tratar, ela ficou emocionada”, recorda Luz.
O dermatologista enfatiza que, graças aos avanços terapêuticos, o panorama da doença mudou muito nas últimas duas décadas. “É uma das doenças mais estudadas. Todo ano, acaba tendo algum lançamento diferente. Tem muita coisa que surgiu esse ano”, garante.
Existem dois caminhos para o tratamento. Sessões em cabines de fototerapia é um deles. “A pessoa entra nessa cabine e recebe um banho de luz ultravioleta”, descreve. “Mas nem todas as clínicas de fototerapia são confiáveis. É preciso procurar um médico vinculado à SDB”, orienta.
Além disso, é possível utilizar medicamentos injetáveis. “O que há de mais avançado são os imunobiológicos. No Brasil, temos 9 tipos disponíveis, mas nem todos estão no SUS [Sistema Único de Saúde]”, afirma Luz.
Os imunobiológicos são remédios que bloqueiam as substâncias inflamatórias liberadas no organismo pelo sistema imunológico – há uma droga específica que age diretamente em cada uma delas.
R7