Sou fã da Marvel. Isso o mundo todo sabe. Leio as revistinhas desde a década de 1980 e devo ter um bom bocado juntadas devidamente, já que me considero uma pessoa extremamente organizada. Mas, isso é outra história.
Sabendo da minha marvelmania (apesar de pirar com as mudanças na transposição dos quadrinhos para as telas do cinema) minha filha me convidou para assistir Vingadores – Guerra Infinita na véspera do feriado. Claro, aproveitei a folga e fui lá, numa sessão da tarde, já sabendo que enfrentaria uma algazarra de moleques ensadencidos, adoradores de roteiros ininteligíveis…
Disse a filhota: compre os ingressos antecipadamente. Imaginava que seria difícil enfrentar a molecada nas filas. Dito e certo, salas lotadas. O filme começava ás 14h40. Me senti o último adulto na face da terra. Parecia filme de ficção… Morriam todos os coroas e ficavam vivos apenas os menores de 30 para reiniciar o povoamento do planeta.
Não gosto de filmes dublados – é uma droga, mas filmes legendados agora somente nas últimas sessões. Deve ser a preguiça que está tomando conta do planeta – nem gosto de 3D. Mas, coloquei os óculos em cima dos meus outros óculos e consegui chegar à cadeira onde descansei uma garrafinha de H2O e abri o saco de pipoca feita por minha filhota (pagar os combos de mais de $ 20 por um milho estourado, nem pensar!).
O filme já tinha começado e retardatários procuravam o lugar usando as lanternas dos celulares – lembro que um dia lanterninha era profissão em cinemas de bairro. Tá, me senti um tiozão, mas curti os detalhes, do tipo a cena de suspense, silêncio no filme e chroc, chroc, chroc do mastigar nevoso de dezenas de adolescentes e crianças devorando pipoca.
Juro, nas cenas emocionantes a meninada aplaudiuexaustivamente. Melhor ainda ouvir o suspiro coletivo das meninas (e alguns meninos) na primeira cena do Capitão América. Gritos… A molecada deve ter formigas dentro das cuecas e calcinhas; não param quietos nas cadeiras. Sobre a molecada, aliás, pareciam clones deles mesmos. Meninos usando cabelinhos destacando franjas que, em alguns casos dariam orgulho a James Brown, o rei da chapinha. As meninas… não se diferenciava quem era quem… Todas com a mesma vestimenta da moda, os mesmos colares, pulseiras… o mesmo corte de cabelo.
Lembrei que certa vez, no aeroporto, não reconheci minha filha num grupo de meninas que se preparavam para viagem. Moda de menina é moda de menina. Todas tem que usar a mesma vestimenta. Isso, sem falar nos moleques saídos da adolescência, todos com barbas espessas, estilo lenhador ou bandido de faroeste.
Enfim, minha insistência em continuar sentado esperando desaparecerem os letreiros e aparecer a cena inigmática da Marvel ao final do filme foi seguida por dezenas. Os comentários até me deixaram orgulhoso, alguns falavam do aparecimento posterior de outros heróis, etc – não vou contar. Uma lixeira imensa vazando sacos de pipoca e copos de refrigerante – também caríssimos… E essa zorra de Vingadores 4 que não chega! Meu Deus!
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