As promessas de benefícios do chamado chip da beleza são irresistíveis para qualquer mulher: melhora da libido e da qualidade do orgasmo, aumento da massa magra, diminuição da gordura corporal e sensação de bem-estar. Não é à toa que o implante de hormônios virou febre entre as famosas. Os médicos, porém, alertam que nem todo mundo pode ser “chipada” e que há vários efeitos colaterais indesejáveis.
Edilson da Costa Ogeda, coordenador do Núcleo de Ginecologia, Obstetrícia e Perinatologia do Hospital Samaritano de São Paulo, explica que existem contra-indicações. Mulheres com problemas do figado, rins, coração, hipertensão arterial, com antecedente de trombose ou tendência para o problema, histórico de câncer de mama ou suspeita ou suspeita de alterações ginecológicas ainda não esclarecidas, como tumores de endométrio ou ovário, não podem usar o implante.
Com testosterona, elcometrina, gestrinona, nomegestrol, estradiol e progesterona na composição, o tubete de hormônios só terá efeitos realmente positivos se a mulher fizer exercícios com regularidade.
— Sem atividade física, os benefícios ficam muito discretos e a mulher pode ganhar peso. Apenas as mulheres que treinam poderão usufruir da potencialidade do implante. Porém, nem todas podem apresentar esses benefícios, porque cada corpo reage de uma forma.
Em forma de bastão com um compilado de hormônios, o chip foi formulado para ser um agente anticoncepcional e repositor de hormônios. É implantado na pele em formato de cilindro que pode medir 3 centímetros de altura e 2 milímetros de largura, feitos de plásticos ou silicone, que podem ser inseridos no braço, abdômen ou no glúteo, além de ser biodegradável e poder durar de seis meses a um ano.
Os hormônios são liberados na corrente sanguínea e alcançam todas as promessas em tempo recorde. Porém, os componentes hormonais não foram testados cientificamente agindo juntos e, por isso, não é possível comprovar a eficiência e os efeitos colaterais a longo prazo. Para o ginecologista Élvio Floresti Jr, testes científicos devem ser aguardados para o início da utilização do chip.
— Em alguns casos, o chip pode trazer calvície, oleosidade demasiada, mudança da voz, aumento no clitóris e pelos no corpo, além de doenças cardiovasculares e até desenvolvimento de câncer. Mas no futuro não sabemos o que pode ocorrer. Além disso, não se pode generalizar os benefícios e malefícios para todas mulheres. Deve-se avaliar individualmente as condições de saúde do organismo de cada paciente.
Para a ginecologista e obstetra Ana Carolina Lúcio Pereira, de São José dos Campos/SP, sempre é preciso investigar com um médico especialista antes de aderir ao chip.
— Ele pode ajudar no reequilíbrio hormonal com aumento do perfil androgênico manipulado de acordo com o peso e objetivo da paciente. Pode fornecer ainda a reposição hormonal em alguns casos e ainda e tratar patologias ginecológicas (como mioma, endometriose, cólicas e TPM). Mas não são todas as mulheres que podem se beneficiar. As pacientes com tendência a aumento da acne, pelos e retenção hídrica, por exemplo, podem ter piora com uso desse medicamento.
Para a meninada que se empolgou, o dr. Edilson da Costa Ogeda ressalva que, como não existem trabalhos científicos substanciosos que reforcem o uso ou não, não existem dados na literatura sobre uma idade limite mínima para uso do chip, uma vez que há implantes de diferentes composições.
— O mais importante é discutir com o ginecologista as vantangens e desvantagens, riscos e benefícios, e o exame clínico e laboratorial antes de iniciar qualquer tratamento desta natureza.
A dra Ana Carolina Lúcio Pereira diz ser recomendada uma idade de maturação hormonal acima de 18 anos, podendo perdurar até a terceira idade, e lembra que é proibido o uso durante a gravidez. Vale lembrar que o uso de hormônios por motivos estéticos é proibido pelo Conselho Federal de Medicina.
R7