Ao menos 32 municípios da Bahia identificaram frascos de vacinas CoronaVac e Astrazeneca com quantidades menores de imunizante que as descritas na embalagem e notificaram a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). [Veja os municípios que relataram o problema no final da reportagem]
A Prefeitura de Salvador informou que recebeu cerca de 21.400 frascos da vacina Coronavac com rendimento inferior ao descrito no rótulo. Foram identificados frascos com rendimento de até seis doses. A situação também ocorreu com pelo menos sete cidades do Paraná.
A prefeitura informou que notificou o caso ao Ministério da Saúde por meio do Notivisa, um sistema desenvolvido pela Anvisa, e reforçou que o padrão das agulhas utilizadas é o mesmo desde o começo da vacinação na cidade.
Segundo a Sesab, 98 notificações de suspeita de queixa técnica por dose (volume) menor que o declarado no rótulo das vacinas para Covid-19 de cidades baianas foram lançadas no Notivisa, entre 2 de fevereiro e 10 da abril deste ano.
De acordo com o órgão estadual de Saúde, das notificações, 86 (87,8%) são relativas as vacinas Coronavac e 12 (12,2%) a vacina Oxford/Astrazeneca.
A Secretaria de Saúde da Bahia detalhou que 84 das 98 notificações já estão em processo de investigação.
Procurado, o Instituto Butantan afirmou que os frascos da CoronaVac são envasados com 5,7 mL e que o problema “não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes pelo Butantan”.
“Todas as notificações recebidas pelo instituto até o momento relatando suposto rendimento menor das ampolas foram devidamente investigadas, e identificou-se, em todos os casos, prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação”, cita trecho da nota.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que existe a orientação para que estados e municípios registrem no formulário técnico quando não for possível aspirar o total de doses declaradas nos rótulos das vacinas. A análise dessas ocorrências será conduzida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por meio de nota, a Anvisa afirmou que “observou um aumento de queixas técnicas relacionadas à redução de volume nas ampolas da vacina” e que os relatos estão sendo investigados como prioridade pela área de fiscalização da agência.
Disse, ainda, que avalia todas as hipóteses “para que se verifique a origem do problema e não haja prejuízos à vacinação em curso no país”.
Além da capital baiana, o registro de frascos com menor rendimento aconteceu nas cidades baianas de Iramaia, Conceição do Almeida, Umburunas, Malhadas de Pedras, Mucugê, Nazaré, Buerarema, Presidente Jânio Quadros, Chorrochó, Várzea do Poço, Amargosa, Baianópolis, Governador Mangabeira, Milagres, Cordeiro, Caetanos, Tabocas do Brejo Velho, Ibitiara, Madre de Deus, Araci, Serrinha, Aratuípe, Morro do Chapéu, Teofilândia, Conceição da Feira, Brejões, Heliópolis e Piraí do Norte.
Até esta segunda-feira (12), 2.036.242 pessoas receberam a primeira dose da vacinas contra a Covid-19 na Bahia. Deste total, 1.051.280 pessoas foram vacinadas com a segunda dose.
A vacinação em 1ª dose foi suspensa em Salvador por causa da falta de imunizantes. O secretário de Saúde da capital, Léo Prates, prevê a retomada das aplicações a partir de quinta-feira (15), quando novas doses devem chegar.
Autorização para mudança no frasco
No começo de março, a Anvisa autorizou que o Instituto Butantan alterasse o volume do frasco da CoronaVac para evitar desperdício do imunizante.
Conforme decisão, cada frasco passou de 6,2mL para 5,7 mL, com a manutenção de 10 doses por unidade.
“O pedido de atualização das condições aprovadas no uso emergencial foi feito pelo Butantan, após receber diversas notificações reportando excesso de doses nos frascos. O controle de qualidade do Instituto verificou que em todos os lotes produzidos foi possível retirar no mínimo 11 doses (7,2% dos lotes), e no máximo 12 doses (92,8% dos lotes)”, informou a Anvisa.
G1