Independência para as ciências: Mobilizados pela Academia de Ciências da Bahia, pesquisadores e professores defendem a Ciência e a Educação no tradicional desfile do Dois de Julho
A defesa da ciência e da educação foi bandeira em destaque no tradicional desfile do Dois de Julho, ocorrido hoje, terça-feira, em Salvador, marcando as celebrações pelas lutas de Independência do Brasil na Bahia. A manifestação partiu de dezenas de professores e pesquisadores mobilizados pela Academia de Ciências da Bahia que, durante o desfile iniciado no bairro da Lapinha, denunciaram a falta de apoio e investimentos para as ciências no Brasil. Entre os presentes, representantes de diversas universidades públicas, além de entidades de pesquisa e educação como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
“Se a data de hoje marca a independência que o Brasil já conquistou com a luta popular, estamos aqui para dizer que o país ainda precisa garantir a independência para a Ciência e para a Educação, ainda ameaçadas pelo governo atual, que é anticientífico e demonstra sérias restrições aos direitos”, destacou Sidarta Ribeiro, professor da Universidade Federal do Rio Grande Norte (UFRN) e diretor da SBPC.
Participando pela primeira vez das celebrações ao Dois de Julho em Salvador, a convite da Academia de Ciências da Bahia, Ribeiro destacou o caráter popular da manifestação, e a importância da participação das instituições de ensino. “Na universidade está o pensamento crítico, livre, e as soluções para diversos problemas do país. Quem mais precisa de universidades públicas de qualidade é a população mais carente do Brasil”, afirmou.
Sensibilizar a sociedade para a importância da ciência no desenvolvimento do país foi o que motivou a participação de pesquisadores do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (Fiocruz). A pesquisadora titular da entidade e professora aposentada da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Claudia Brodskyn demonstrou preocupação com as atuais medidas governamentais para o setor. “As políticas públicas de Educação e de Saúde não podem ser interrompidas por cortes orçamentais. O Governo precisa entender que Saúde e Educação são investimentos e não gastos”, defendeu.
Interiorização da ciência
Os cortes de orçamento das universidades públicas, promovidos sistematicamente pelo atual governo federal, atingem diretamente as novas instituições de ensino superior como a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), conforme explica a reitora Iracema Veloso, presente no ato coordenado pela Academia de Ciências da Bahia. “A UFOB acaba de completar seis anos e ainda precisa de investimentos para a sua estruturação e para continuar realizando o importante trabalho de interiorização da ciência e de transformação positiva da vida da população, em especial dos jovens”.
A reitora conta que a UFOB possui campus em cinco cidades do Oeste da Bahia (Barreiras, Santa Maria da Vitória, Barra, Luís Eduardo Magalhães e Bom Jesus da Lapa) e mantém uma política de reserva de vagas para jovens da região, que integra 80 municípios dos estados da Bahia, Maranhão e Piauí. “Priorizamos o acolhimento dos jovens que precisam da universidade para terem mais oportunidades. Uma pesquisa recente revelou que 80% dos nossos estudantes vivem em situação de vulnerabilidade econômica, por isso estamos aqui para defender a universidade e as ciências do Brasil”. A reitora informou que os dados são da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes).
“Estamos na Bahia, então podemos dizer que estreamos no desfile ano passado (2018) e este ano a participação da Academia de Ciências da Bahia já se tornou uma tradição, crescendo em participação de instituições e na defesa das bandeiras da ciência nesta que é a data máxima para a história do Estado”, comemorou o presidente da Academia de Ciências da Bahia, Jailson Andrade. “Estamos cumprindo o nosso objetivo que é alertar a população para a importância da ciência para o pleno desenvolvimento do país. E reforçar que são imprescindíveis os investimentos em Ciência, Educação e Cultura, bases para que tenhamos um conhecimento científico sólido”.
Andrade chamou atenção para o fato de a Academia de Ciências da Bahia ser pioneira em articular as diversas áreas de atuação da ciência. “Somos a única academia do Brasil que possui representação das diferentes manifestações das ciências, pois na Academia estão reunidos pesquisadores das Ciências da Vida, Humanas, da Cultura e das Artes, presentes de forma expressiva neste ato”.
Participaram do ato em defesa da ciência as universidades federais da Bahia (UFBA), do Recôncavo (UFRB), do Oeste (UFOB) e do Sul da Bahia (UESB); e as estaduais da Bahia (UNEB), de Feira de Santana (UESF), de Santa Cruz (UESC) e do Sudoeste da Bahia (UESB). Além disso, também apoiaram a iniciativa o Instituto FioCruz/BA, a Academia de Letras da Bahia, a Academia de Medicina da Bahia, a Academia de Medicina Veterinária da Bahia e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).