Muito se fala sobre o surgimento de uma segunda onda de contaminação do novo coronavírus no Brasil. No entanto, alguns especialistas são contra essa nomenclatura por considerar que o país não conseguiu reduzir significativamente o número de casos da primeira onda, como ocorreu na Europa. “O que vemos no Brasil é um platô, como se tivesse atingido uma maré alta e isso nunca diminuiu. Tivemos momentos de mais e menos casos, mas a impressão é que não saímos da primeira onda”, explica a infectologista Monique Lírio, que é coordenadora da Comissão de Controle de Infecções Domiciliares da S.O.S. Vida.
Independente do termo usado, especialistas chamam atenção para o ritmo crescente de casos de Covid-19 e perspectivas para um cenário preocupante nas próximas semanas. “O panorama é muito crítico e subvalorizado pelas autoridades. Estamos vendo um boom de casos e não estamos nos preparando, então é uma questão de tempo para ver um estado de calamidade instalado”, pondera. Para ele, a situação atual deve ser mais grave do que o que foi registrado no início da doença. Em entrevista para a imprensa, o governador da Bahia, Rui Costa, também cogitou a possibilidade de ter “a maior onda de casos que a Bahia viveu desde o início da pandemia”.
A situação no estado de Sergipe também não é favorável e há um crescimento nos índices de contágio. Aparecendo entre os estados com a maior taxa de transmissão de acordo com o Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o comportamento da doença na Bahia e Sergipe será discutido nesta quarta-feira, 9, pelos infectologistas Monique Lírio e Matheus Todt em um webinar promovido pela S.O.S. Vida.
Com a tendência de aumento de casos em todo país, alguns estados recuaram e voltaram a adotar medidas mais restritivas, como em São Paulo. Para especialistas, essa postura é assertiva. “Com as festas de final de ano, o número de casos vai crescer. Então, não é momento de relaxar”, defende Monique Lírio. Para Matheus Todt, o endurecimento é inevitável. “O que assusta é que ainda está liberado, porque esse crescimento era esperado. Agora tem que fazer o comportamento inverso (ao relaxamento) e voltar com as medidas de restrição”, defende.
De acordo com ele, nem mesmo a perspectiva da chegada da vacina no início de 2021 deve controlar a transmissão da doença, já que uma parcela significativa da população ainda não teve contato com o vírus e apenas um grupo reduzido teria acesso a imunização inicialmente. “Só devemos ter uma normalização por volta de junho, podendo ser um pouco antes ou depois a depender das medidas de restrição e adoção de cuidados de prevenção pela população”, reforça.
Moderado pela gerente da S.O.S. Vida em Aracaju, Marta Simone Sousa, o webinar “O que esperar da segunda onda?” será transmitido às 19 horas no YouTube (youtube.com/sosvida).