Mais de 50 unidades da rede de farmácias Sant’Ana fecharam na Bahia nos últimos meses, segundo informações do Sindicato dos Farmacêuticos da Bahia (Sindifarma) e do Sindicato dos Trabalhadores em Farmácia do Estado. A empresa, do grupo Brasil Pharma, está em recuperação judicial por causa de uma dívida de R$ 1,2 bilhão com o banco BTG Pactual.
Segundo as entidades que representam os trabalhadores, a rede demitiu 565 funcionários, sendo que, desses, 104 são farmacêuticos.
Em todo o estado da Bahia, a rede de farmácias Sant’Ana possui 118 lojas, sendo que mais de 100 estão em Salvador. O número de unidades que fecharam as portas representa 40% desse total. Os sindicatos não divulgaram quantas unidades encerraram as atividades na capital e quantas no interior.
O Sindicato dos Farmacêuticos disse que a rede de farmácias Sant’Ana quis fazer um acordo para pagar as rescisões dos trabalhadores demitidos com 30% de desconto, mas o sindicato não aceitou a proposta. A entidade informou que está na fase de negociações com a empresa e que os trabalhadores realizarão, nesta segunda-feira (19), outra assembleia para tratar do assunto.
O encontro está marcado para acontecer às 17h30, na sede do Sindicato dos Comerciários, que fica no bairro de Nazaré, em Salvador. Caso não haja acordo na fase de negociações, a categoria pretende entrar com uma ação na Justiça do Trabalho para obter o valor integral das rescisões.
Já o Sindicato dos Trabalhadores em Farmácia, que representa os funcionários em geral (aqueles que não são farmacêuticos), disse que aceitou a proposta apresentada pela empresa porque os trabalhadores precisam do dinheiro a curto prazo.
A direção da rede de farmácias Sant’Ana informou que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre o assunto.
Recuperação judicial
Um dos maiores grupos de varejo farmacêutico do país, a Brasil Pharma ajuizou pedido de recuperação judicial em janeiro, depois de não conseguir resolver seus problemas financeiros extrajudicialmente.
O pedido de recuperação foi apresentado na cidade de São Paulo e o valor da causa foi estabelecido em R$ 1,2 bilhão, segundo a Reuters. A empresa afirma no pedido ter 15 mil credores.
Fazem parte do grupo as empresas:
- Drogarias Farmais S.A
- Farmais Produtos S.A
- Drogaria Amarilis S.A
- Sant’ana S.A Drogaria Farmácias
- Distribuidora Big Ben S.A
- Rede Nordeste de Farmácias S.A
- Nex Distribuidora de Produtos Farmacêuticos S.A
- Brasil Pharma Promotora de Vendas Ltda
- Brasil Pharma Fidelidade Ltda
De acordo com o fato relevante do grupo, entre os motivos de sua crise econômica-finaceira estão “a crise que afetou o Brasil nos últimos anos”, “resultando, consequentemente, em um declínio no volume de vendas” e as “inúmeras regulamentações que impõem, por exemplo, o controle de preços sobre a maioria dos produtos comercializados”.
No ano passado, o grupo afirma ter feito uma nova captação de recursos no valor de R$ 511 milhões em janeiro e de R$ 400 milhões em abril. O credor é o banco BTG Pactual.
Atualmente, o grupo afirma possuir 288 lojas espalhadas por todo o país, 430 franquias e mais de 4.500 funcionários.
A empresa registrou prejuízo de R$ 1,08 bilhão no terceiro trimestre de 2017, sete vezes superior ao mesmo período do ano passado. A redução nas vendas, com desabastecimento, e baixas de ativos intangíveis das bandeiras Santana e Big Ben, no valor de R$ 815 milhões, justificam as perdas no período, bem como o patrimônio líquido negativo de R$ 1,15 bilhão.
G1