A violência nas periferias de Salvador continua sendo um dos principais desafios enfrentados por comunidades periféricas da cidade. Em recente entrevista ao Projeto Prisma, o prefeito Bruno Reis, reeleito de Salvador, abordou o tema da segurança pública, destacando as limitações do seu cargo em controlar diretamente a atuação das polícias.
“As pessoas sabem que o prefeito não controla a Polícia Militar, a Polícia Civil. Que o prefeito não tem condições de controlar o tráfico de drogas e o tráfico de armas. Isso é uma responsabilidade funcional do Governo do Estado”, afirmou o prefeito. Ele ressaltou ainda que, embora a segurança pública seja uma atribuição do Estado, a gestão municipal tem assumido parte desse ônus diante do que chamou de “inoperância do Estado”.
Entre as iniciativas da prefeitura para tentar mitigar o problema, o prefeito citou a implantação de rondas para garantir a segurança de mulheres vítimas de violência doméstica e a proteção de escolas que, segundo ele, vinham sendo alvo de arrombamentos. “Estamos tendo que assumir mais estas atribuições”, disse ele, em referência ao aumento das demandas sobre a prefeitura devido à falta de atuação eficaz das instâncias estaduais.
Em entrevista à CNN, o prefeito reforçou que a segurança pública é o maior problema da Bahia e de Salvador. “Infelizmente, nós vivemos no estado onde, das sete cidades mais violentas do Brasil, todas estão na Bahia”, declarou.
Vozes da comunidade
Enquanto o prefeito busca reforçar a segurança por meio de tecnologia e da Guarda Municipal, moradores e especialistas das áreas mais afetadas pela violência sugerem que o problema requer uma abordagem mais ampla e estrutural. Para João dos Santos, professor e ativista do bairro Nordeste de Amaralina, a solução passa não apenas pelo policiamento, mas pela criação de alternativas para os jovens da periferia.
“A violência policial não é um fenômeno isolado. Ela está diretamente ligada à falta de oportunidades, à ausência de políticas públicas voltadas para a juventude. O bairro precisa de mais lazer, cultura, educação e, principalmente, inclusão”, afirmou o professor. Para ele, a criação de projetos culturais e esportivos, além do fortalecimento das escolas, são medidas essenciais para reduzir a violência a longo prazo. “Sem alternativas de futuro, os jovens acabam sendo alvos fáceis do tráfico e da violência. Nós precisamos de políticas que ofereçam caminhos diferentes.”
João destacou que, além da repressão, é fundamental pensar em projetos que promovam a cidadania e a integração dos jovens à sociedade. “O que vemos hoje é um ciclo de violência que só será rompido com inclusão. As pessoas do bairro querem viver em paz, querem oportunidades. Se o Estado não oferecer isso, a violência vai continuar sendo a realidade das nossas periferias”, concluiu