Com a chegada dos períodos mais quentes e chuvosos, aliado às ondas de calor, a dengue se torna mais presente. Mesmo diante da necessidade de manter os cuidados básicos o ano inteiro e ficar atento aos sintomas, nos meses de altas temperaturas acompanhadas por chuvas, o ambiente é totalmente favorável à propagação do mosquito Aedes aegypti e transmissão da doença infecciosa que pode provocar tanto a versão clássica quanto a considerada hemorrágica.
De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), de janeiro a novembro de 2023, ocorreram mais de 46 mil prováveis casos de dengue – o que representa um aumento de 35% nas ocorrências em comparação com o ano passado – e 17 óbitos motivados por complicações. Em Feira de Santana, apenas de janeiro a julho deste ano, 978 episódios e quatro mortes em consequência da forma grave foram registrados, segundo levantamento da atual gestão municipal. Assim como Salvador, a cidade enfrenta uma epidemia da arbovirose.
Os números também refletem no crescimento de diagnósticos no município. No IHEF Laboratório, entre testes sorológicos que envolvem a descoberta de anticorpos IGM e IGG e pesquisas do antígeno NS1, já foram realizados 8.231 exames voltados à detecção do vírus (DENV) em 2023. “Percebemos um aumento não somente na procura, mas também na positividade dos testes. Em relação a 2022, a quantidade de exames feitos chega a ser cinco vezes maior”, afirma o Dr. Marcus Machado, diretor técnico do IHEF Laboratório.
O diretor ainda ressalta que, apesar da eficácia dos testes oferecidos pelo laboratório feirense, cada um possui um tempo apropriado. “A pesquisa do antígeno NS1 deve acontecer nos cinco primeiros dias do aparecimento dos sinais mais comuns, a exemplo de febre alta, dores musculares e manchas vermelhas pelo corpo. Já a dos anticorpos IGM, o ideal é a realização entre os primeiros quatro a cinco dias. Os anticorpos IGG surgem normalmente a partir de 14 dias do aparecimento dos sintomas”, explica.
Alternativa de enfrentamento e prevenção
Em outubro deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a indicar a Qdenga (TAK-003), vacina produzida pela farmacêutica japonesa Takeda. Antes dessa recomendação, em março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia aprovado o registro do imunizante no Brasil. Destinado ao público de 4 a 60 anos, serve para quem já teve ou não a arbovirose.
“A vacina induz uma resposta imunológica do organismo, pois estimula a criação de anticorpos capazes de proteger contra os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Isso evita o agravamento da contaminação em mais ou menos 80% dos casos, além de auxiliar na redução das internações”, ressalta Fabiana Porto, enfermeira do IHEF vacinas.
Conforme a orientação da Anvisa, a Qdenga deve ser administrada em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. Para as pessoas que contraíram recentemente a doença, o melhor é a vacinação seis meses após a recuperação. Aqueles que estão fora da faixa etária autorizada precisam de prescrição médica.