O combustível representa entre 20% e 30% dos custos de uma companhia aérea. Esse aumento está diretamente relacionado ao preço do barril de petróleo no mercado internacional, que está 60% mais caro.
Abastecer um Boeing 737, com capacidade para 177 passageiros, no aeroporto de Guarulhos (SP) custa hoje entre R$ 25 mil e R$ 30 mil para a rota São Paulo-Manaus (2.689 km), por exemplo. O valor leva em conta o preço do QAV no aeroporto, mas pode ser menor a depender do contrato da companhia aérea com a distribuidora.
“A passagem aérea tem dois componentes que são dolarizados na composição do preço: o leasing [arrendamento] da aeronave e o querosene de aviação. […] Por mais que sejam trechos nacionais, esse aumento de custos em dólar têm relação com o valor da passagem”, explica Eduardo Fleury, líder de operações do Kayak Brasil, site especializado em buscas de bilhetes aéreos.
A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) diz que cerca de 60% dos custos das companhias “estão fortemente atrelados ao dólar”. “Como cada companhia tem a sua forma de minimizar o impacto desses custos, não é possível aferir o reflexo direto sobre os preços das passagens”, pondera a associação.
No entanto, um levantamento de preços feito pelo Kayak a pedido do R7 mostra um aumento médio de 12,3% nos preços de passagens para nove dos dez destinos mais procurados nesta época do ano para quem deseja viajar em julho.
Os voos com destino a Brasília custavam, em média, R$ 769,69 no ano passado e agora estão chegam a R$ 1.269,36 (+65%). Viajar para São Paulo está custando 22% mais caro; Porto Seguro e Recife, 11%; Salvador, Natal e Maceió, 9%; Fortaleza, 6%; e e Rio de Janeiro, 3%. A única localidade que ficou mais barata foi Porto Alegre, com queda de 8%.
A Anac possui dados disponíveis apenas de janeiro e fevereiro, mas que já mostravam uma alta de 9,8% no preço médio das passagens em relação ao mesmo período de 2017 — de R$ 330,83 para R$ 363,34.
Arte/R7
A alta dos preços ocorre justamente no momento em que a aviação doméstica começa a apresentar resultados positivos. Entre janeiro e maio, houve aumento de 4,1% da demanda, em relação ao mesmo período de 2017, segundo a Abear.
No entanto, o fenômeno não é uma exclusividade do Brasil. Dados da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo, sigla em inglês) mostram que o combustível de aviação está 53% em todo o mundo, na comparação com junho do ano passado).
Nos Estados Unidos, o preço do combustível de aviação atingiu nas últimas semanas o patamar mais alto desde dezembro de 2014.
A American Airlines, maior companhia aérea do mundo, calcula que o aumento do preço do combustível vai gerar um custo extra de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 7,5 bilhões) neste ano.
Outra gigante norte-americana, a Delta Air Lines diminuiu a previsão de lucro em 2018 devido ao aumento dos gastos com combustível.
As rotas regionais e com menor oferta de voos nos Estados Unidos estão sendo as mais afetadas pelos aumentos de preços, principalmente porque esta época do ano é de férias de verão e a procura aumenta.
Para tentar driblar o preço, o consumidor precisa se planejar, diz o executivo do Kayak. “Para passagens nacionais, recomendamos sempre comprar com um mês de antecedência e para destinos internacionais, de três a quatro meses”, orienta Fleury.
R7