Entidades empresariais criticaram hoje (1º) a demora para os juros baixos chegarem ao consumidor final. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) destacou que, mesmo taxa básica de juros estando em níveishistoricamente baixos, a queda ainda não foi plenamente percebida nos custos dos empréstimos.
“São cruciais, portanto, medidas que reduzam o elevado custo do crédito, refletido nos elevados spreads bancários, que há várias décadas é um dos mais altos do mundo. Para reduzir o alto custo do crédito, é necessário adotar medidas que combatam de fato a baixa concorrência no sistema bancário brasileiro”, diz, em nota, a Fiesp. Spread é a diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo
Para a Fiesp, reformas que equacionem o desequilíbrio fiscal são cruciais “para que a taxa [básica de juros] Selic recue de forma consistente para níveis condizentes com os padrões internacionais”.
Nesta quarta-feira, pela terceira vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve os juros básicos da economia, atualmente em 6,5% ao ano.
Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) salientou que os juros reais brasileiros ainda estão muito altos, se comparados à média internacional, afetando a competitividade do país. “A questão primordial, porém, é que a queda da taxa básica de juros não chegou na mesma proporção às operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas, pois os spreads bancários continuam muito elevados, apesar da leve trajetória descendente atual”, destacou a entidade.
De acordo com a Abit, estima-se que famílias, empresas e governos deverão pagar, neste ano, cerca de R$ 800 bilhões em juros, “o que caracteriza uma transferência brutal de renda, que tira dinheiro dos setores produtivos e do consumo, mitigando o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país]”.
A Associação Brasileira da Indústria Gráfica cobrou ações do Banco Central para que a taxa de juros real seja reduzida a patamares compatíveis com a Selic. De acordo com a entidade, os bancos praticam taxas de crédito muito altas, e isso impede novos investimentos para aumentar a competitividade e elimina a chance das empresas renegociarem suas dívidas.
“Todo o mercado bate na mesma tecla, e o BC [Banco Central] não age. Adotar o Cadastro Positivo, atrair bancos estrangeiros para operar no país e incentivar o crédito via internet são apenas algumas das ferramentas que o governo dispõe para ajudar o setor produtivo a crescer”, destacou em nota.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) ressaltou que a decisão de não alterar a Selic foi a mais acertada diante do cenário atual. “Apesar de a inflação estar dentro da meta, o câmbio está pressionado, e as incertezas tornam os mercados mais cautelosos. Manter a taxa de juros no atual índice foi a medida adotada para reduzir riscos.”
Para a FecomercioSP, um novo ciclo de redução da Selic só poderá ocorrer em um próximo governo, desde que este “se comprometa com reformas estruturais para que o Brasil se torne atraente e seguro para os investidores”.
Agência Brasil