De acordo com o Indicador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de Inflação por Faixa de Renda, referente ao mês de julho, houve uma queda de 0,6% nos preços da alimentação dentro de casa. Esse foi o principal fator de alívio no bolso das famílias de menor renda no país.
A dona de casa Luciana Gama Pereira da Silva concorda com a pesquisa. “O preço do arroz e do feijão não subiram, mas é importante pesquisar e aproveitar as ofertas”, diz. Ela mora com o marido e quatro filhos e só faz as refeições em casa. “Alimentação só em casa e eu sempre faço as compras em dia de promoção no mercado.”
Marlene Silva de Souza, auxiliar de limpeza, também aproveita as ofertas para fazer as compras. “Percebi que os legumes não estão tão caros, já encontrei batata a R$ 1 o quilo”, diz. “A gente precisa estar de olho e comparar preços. Levo marmita para o trabalho, assim economizo.”
Por outro lado, as famílias com renda mais alta sentiram mais a inflação devido ao reajustes das passagens aéreas superiores a 44% e a leve alta da alimentação fora de casa.
Calculado com base nas variações de preços de bens e serviços pesquisados pelo Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor (SNIPC) do IBGE, o Indicador Ipea revela que, com o fim dos impactos da greve dos caminhoneiros sobre os preços dos alimentos, reverteu-se o quadro de inflação de junho, quando a taxa registrada entre as famílias de renda muito baixa (1,50%) superou aquela das famílias de renda alta (1,03%).
Em julho, o grupo de renda muito baixa observou uma inflação de 0,26%. Para o de renda alta, a taxa foi de 0,38%. Nos últimos 12 meses até julho, enquanto a inflação das classes mais baixas elevou-se em 3,45%, a dos mais ricos acelerou 5,17%.
Apesar da alta da energia elétrica (5,3%) e do ônibus urbano (1,5%), as famílias mais pobres sentiram menos a inflação em julho, ainda que ela tenha acelerado em todas as classes no último bimestre. De janeiro a julho, a inflação mais alta para os segmentos de renda elevada explica-se, sobretudo, pelo comportamento da gasolina (11%), das mensalidades escolares (5,5%) e dos planos de saúde (6,9%).
O Grupo de Conjuntura do Ipea apresentou também uma análise completa sobre o desempenho recente dos principais índices de inflação ao consumidor e ao produtor e confirmou a expectativa, para o restante do ano, de um cenário inflacionário próximo à meta de 4,5%.
Esse quadro baseia-se em um balanço de riscos pontuado por um crescimento modesto da atividade econômica em 2018, por um amplo grau de ociosidade da economia e pela lenta retomada do mercado de trabalho, atuando como limitador de uma alta de preços mais significativa, principalmente no setor de serviços e de bens de consumo duráveis.
A perspectiva é de desaceleração dos preços administrados, tendo em vista que a maior parte dos reajustes da energia já foi concedida, além da baixa probabilidade de novas altas significativas na cotação do petróleo no mercado internacional.
R7