Você já deve ter ouvido falar da lipoescultura, técnica em que se retira a gordura de um local onde não é “bem-vinda”, como a barriga, para aplicar em outro, como o bumbum ou seios. Mas você sabia que ela também pode ser usada no combate às rugas? Trata-se da lipoenxertia, que se juntou aos cremes anti-idade e procedimentos cirúrgicos já conhecidos, como liftings e preenchimentos, na luta contra o envelhecimento facial.
O procedimento consiste em retirar gordura de regiões como abdômen e quadril e aplicá-la no lugar desejado. As áreas receptoras mais comuns são maçã do rosto e contorno da mandíbula, onde a perda de volume causada pela idade é maior. Também é indicado fazer o enxerto em linhas de expressão, rugas e sulcos profundos, como o famoso bigode chinês.
A aparência natural é um dos principais atrativos, mas a maior vantagem está relacionada à matéria-prima utilizada. “Em vez de componentes sintéticos, como o ácido hialurônico, ela usa o próprio corpo como material, o que garante uma probabilidade quase nula de rejeição”, afirma o cirurgião plástico Francisco Alionis Neto, de São Paulo. “Existe a possibilidade de o paciente apresentar hipersensibilidade a algum componente da fórmula industrializada. A gordura não apresenta esse risco, já que é retirada da própria paciente”, acrescenta o cirurgião plástico Paolo Rubez, de São Paulo.
Além disso, a lipoenxertia não demanda intervenções periódicas. Há geralmente uma reabsorção inicial do volume, que é diferente de indivíduo para indivíduo, mas, após a integração definitiva, os resultados são duradouros. “Vale lembrar que o processo de envelhecimento continua, o que implica em uma perda natural de volume no decorrer dos anos. Se o incômodo voltar, basta agendar uma nova sessão”, diz a cirurgiã plástica Bárbara Machado, do Rio de Janeiro.
Corpo e rosto esculpidos
O primeiro passo da cirurgia é coletar as células adiposas com cânulas especiais. É nesse momento que muita gente aproveita para dar aquela recauchutada e remover as gordurinhas indesejadas por meio de uma aspiração mais abrangente. “A grande vantagem em combinar as técnicas é o conforto do paciente em fazer tudo de uma vez só, desde que, claro, ele seja cercado de profissionais qualificados e de muito bom senso”, orienta Alionis.
Depois de retirado, o tecido adiposo é processado, fica em descanso por alguns minutos e, só então, é enxertado. Quando se opta por fazer apenas a lipoenxertia facial, basta uma anestesia local para a coleta e outra local para o procedimento –caso contrário, é exigida a geral. A realização deve ocorrer no hospital e com direito a internação, mas o paciente tem alta no mesmo dia.
Todo cuidado é pouco
Assim como todo procedimento cirúrgico, a lipoenxertia tem riscos. Entretanto, eles são drasticamente reduzidos se for realizada com a equipe e os equipamentos adequados. “A gordura deve sempre ser injetada com cânulas delicadas. Se forem utilizadas agulhas, existe o risco do surgimento de irregularidades na área e de embolia”, alerta Bárbara.
Quando o procedimento pede apenas anestesia local, o cirurgião responsável deve pedir um hemograma e um coagulograma. Se a lipoenxertia for mais abrangente e exigir anestesia geral, também é preciso solicitar um eletrocardiograma e um raio X de tórax, além das medições de sódio, potássio, uréia e creatinina. Qualquer alteração pode não só comprometer os resultados, como também aumentar as chances de infecção. Como o material do preenchimento é retirado do próprio corpo, a cirurgia é contraindicada para quem tem baixo percentual de gordura.
Pós-operatório
A recuperação é relativamente simples e não costuma ser dolorosa. É normal que as áreas de retirada e aplicação fiquem arroxeadas e inchadas por um ou dois meses (compressas com gelo são sempre bem-vindas). Outros cuidados importantes são evitar a exposição ao sol e atividades físicas por, no mínimo, cinco dias –não há necessidade de repouso total, mesmo para quem optou pela recauchutada geral.
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