A Páscoa é só em abril, mas mesmo faltando um mês para uma das mais importantes datas do comércio brasileiro, os produtores de ovos de chocolate começam a produção muito antes. Mas será que vale a pena apostar nesse negócio?
De acordo com Wilson Borges, consultor do Sebrae-SP, o número de pessoas que apostam nesse período para ganhar uma renda extra é muito grande. “O número de pessoas que empreendem, não nesse ramo (de confeitaria), mas nessa atividade de produzir ovos de Páscoa, que aproveitam a data, explode nesse período, acaba tendo um crescimento muito elevado”, explica.
O consultor diz que quem está tentando entrar para fazer uma renda extra com a oportunidade tem que se atentar a competição com empresas já estabelecidas. “São lojas que já trabalham com a oferta de chocolate, nesse meio de confeitaria, que já tem empregado para pagar e tem no currículo cursos diferenciados”, comenta.
Danielle Danvila é uma, entre tantas, a produzir ovos de Páscoa de forma caseira. Ela começou a atuar nesse ramo no ano passado e faturou cerca de R$ 3.500 em seu primeiro ano na atividade. “Eu comecei a vender ovos de Páscoa ano passado. Inicialmente não tinha muita pretensão, nem um objetivo claro, como viajar, comprar algo ou quitar uma dívida. Fui anunciando que estava fazendo e comecei a pegar pedidos. Quando chegou na primeira semana de abril eu já tinha mais de 102 encomendas de ovos e 120 caixinhas de bombom”, conta Danielle.
Ela relata que, por nunca ter trabalhado com a venda de ovos, acabou se perdendo um pouco na produção, mas no fim tudo deu certo. “Até consegui dinheiro suficiente para fazer uma viagem que estava querendo há tempos e comprei alguns utensílios para a Dani Doces, minha confeitaria”, diz.
Planejamento
Segundo Borges, quem quiser se aventurar na produção dos ovos tem que se atentar a um detalhe importante: o planejamento.
“A gente está numa economia com muitas pessoas desempregadas e com salários defasados, então as pessoas começam a sonhar em empreender seus negócios. Quantas mais pessoas desempregadas, mais pessoas empreendem por necessidade, para tentar botar comida na mesa. Mas falta planejamento, essas pessoas até vendem seus produtos, mas não tem lucro para sustentar o negócio”, explica Borges.
“E uma das coisas que erram muito é na precificação. Tem que aprender a fazer uma ficha técnica dos produtos, escolher qual o perfil de cliente, o que esse cliente está esperando e aí sim começar a elaborar um preço que pague todas as contas”, comenta o consultor.
Danielle sabe que um planejamento adequado e bem feito, vira um diferencial não só para atrair mais clientes, mas para possibilitar insumos, equipamentos e utensílios melhores para a produção. “São produtos que tem uma época específica para venda, por isso eu planejo muito bem e organizo tudo com antecedência, para ter um período de vendas lucrativo. Se a divulgação, produção e organização das entregas forem bem planejadas, a chance de um lucro grande é maior”, conta.
“Eu, por exemplo, uso parte do dinheiro para a compra de utensílios e aparelhos para própria confeitaria e separo uma parte para objetivos pessoais, como uma viagem, a compra de algo que eu quero, etc. Ou pode-se aplicar o dinheiro numa poupança e ir usando ao longo do ano. Tudo tem que estar claro na hora de traçar os objetivos”, afirma Danielle.
Além disso, a confeiteira tenta adiantar tudo que pode, afim de não desperdiçar nenhum tempo. “Quando começam as primeiras encomendas eu já começo a produzir o que pode ser feito com antecedência, como as casquinhas dos ovos, alguns recheios que podem ser congelados, os laços das embalagens, a montagem das caixinhas, etc”.
Conhecer a clientela
Danielle comenta que o mercado de ovos de Páscoa caseiros tem um público fiel e um dos primeiros passos no começo do planejamento para o feriado de abril é pensar justamente no cliente. “Quem é, qual o poder aquisitivo, que tipo de produto interessaria ao segmento que vou trabalhar, etc. Com essas informações em mãos eu começo a produzir meu cardápio, escolhendo os produtos baseada também em pesquisa de mercado. Esse ano o ovo de colher continua em alta, por exemplo”, explica a confeiteira.
Além de conhecer a clientela, é importante entender que o mercado é volátil. As necessidades mudam e os produtos tem que acompanhar essa mudança. “Boa parte da minha clientela tem solicitado ovos ou produtos que sejam presentes. Com embalagens mais sofisticadas, tags de feliz Páscoa, tudo que extrapole o chocolate e torne o produto realmente algo que você possa dar de presente”, afirma.
“Outra coisa que me pediram foram ovos e bombons diet e com diferenciais, como castanhas ou recheios especiais. Mas ainda tem aquele público fiel, que gosta mesmo do ovo tradicional com bombons dentro. Por isso é importante conhecer sua clientela, para fazer um atendimento de excelência”, comenta Danielle.
Ovos caseiros x ovos de supermercado
Daniela Sussai é outra que trabalha no ramo de confeitaria e aposta na produção de ovos de Páscoa caseiros. Para ela, o cliente não está buscando somente um produto mais barato, mas que seja diferente no sabor. “O valor dos que vendem no mercado é absurdo, então o caseiro acaba compensando mais. O sabor também é bem diferente pois o do mercado parece mais artificial, sendo até mais duro. O caseiro prevalece o sabor do chocolate mesmo”, explica.
Para Danielle, a qualidade do ovo caseiro, de produtos feitos artesanalmente é acima dos ovos encontrados no supermercado. “São produtos que levam em conta o que o cliente quer”, afirma.
Além disso, existe obviamente uma diferença de valores. “Fui no supermercado esses dias e me deparei com ovos de 250g por R$ 84,00. Acredito que os caseiros mesmo tendo um custo mais baixo, oferecem ótima qualidade”, diz.
“Por fim penso que o incentivo as confeiteiros e doceiras que são empreendedoras novas ou já com experiência de mercado vale muito a pena. Vamos estimular esse segmento e gerar renda para os pequenos empreendedores”, completa.
R7