A pandemia da COVID-19, o novo coronavírus, trouxe mudanças na rotina de milhões de pessoas em toda a Bahia. Cuidados com a prevenção para impedir a disseminação acelerada do vírus entraram na vida da população. Nas comunidades terapêuticas, que prestam um serviço importante de acolhimento de pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas, não é diferente.
Além dos cuidados internamente com a população acolhida, as instituições também se viram obrigadas a ajustar a oferta de cursos e visitas familiares, por exemplo. Uma das doze comunidades que integram o Sistema Bahia Viva, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), a Comunidade Terapêutica Fazenda Vida e Esperança (Cotefave) mobilizou equipe de profissionais e os acolhidos para evitar a propagação do coronavírus.
Psicóloga e coordenadora técnica da unidade, localizada em Vitória da Conquista, Isabel Viana explica que as medidas adotadas na comunidade contaram com a adesão das 20 pessoas que estão em tratamento no local. “Inicialmente, as medidas foram pensadas no sentido de não alterar a rotina dos acolhidos, uma vez que eles já estão acolhidos, mas atuamos na implantação de todas as medidas recomendadas pelas autoridades de saúde”, explica Isabel.
A instituição promoveu a distribuição de máscaras, material informativo e reforçou os cuidados com a higiene. Os atendimentos com psicólogos e as oficinas de música, pintura, entre outras atividades lúdicas, passaram a ser realizadas em ambiente aberto, mesmo com o comprimento do distanciamento mínimo de 1,5 metro. As regras também estão valendo para as refeições, com os acolhidos sentados em mesas separadas e evitando contato próximo dentro dos espaços fechados.
Além da doação de máscaras, os próprios acolhidos na comunidade realizaram a produção de máscaras de proteção. Em parceria com a prefeitura municipal, todos foram vacinados, seguindo orientação dos serviços de saúde.
As visitas de familiares, que geralmente acontecem aos domingos, também sofreram mudanças. Familiares se comunicam com os acolhidos por vídeoconferência e por vídeos gravados. As visitas presenciais podem acontecer, em caso de muita necessidade, mas agora são feitas por agendamento e cumprindo todas as recomendações de segurança no combate ao coronavírus.
“Eu vejo como extremamente positivas as medidas estabelecidas contra a pandemia, mas é preciso que cada um faça a sua parte. Nós trabalhamos essa ideia dentro da comunidade, tivemos uma ótima adesão, mas as pessoas precisam se conscientizar mais. Precisamos pensar no próximo”, comenta Isabel, coordenadora da Cotefave.
O cuidado com o outro também é o guia do trabalho na Comunidade Terapêutica Cidadania, localizada no município de Lapão. Além do diálogo aberto com os acolhidos, para compreensão da situação atual, os profissionais contam que as 25 pessoas que atualmente estão em tratamento no local colaboram para que as medidas de segurança sejam efetivas.
A instituição reforçou as medidas de segurança com profissionais usando máscaras e fazendo a higiene de maneira constante. A comunidade também tem usado a tecnologia como uma aliada para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.
“Nós suspendemos as visita, uma vez que muitos são de diversas cidades na Bahia, mas ampliamos o número de ligações entre os acolhidos e as famílias, além de realizarmos vídeoconferências com todos que têm acesso à internet”, conta a assistente social da instituição, Micaela Souza Costa.
“Somos a favor de todas as medidas de segurança para manter a saúde de todos que estão aqui, sejam profissionais ou acolhidos. Para nós, que trabalhamos resgatando vidas, esse compromisso é fundamental. A vida vem sempre em primeiro lugar”, completa a profissional.
Proteção e garantia de direitos
“As comunidades terapêuticas são serviços essenciais do sistema complementar de saúde. Elas garantem o tratamento e a proteção de centenas de pessoas com dependência química. Nós atuamos durante todo o ano com capacitação, mas especialmente neste momento estamos juntos para que as medidas de saúde sejam adotadas”, explica a superintendente Denise Tourinho.
A gestores ressalta ainda a importância do trabalho em sintonia das instituições e da SJDHDS. “É importante registrar o compromisso de todos os profissionais envolvidos na execução de um serviço com grande cuidado, respeito à dignidade humana e garantia de proteção para os acolhidos”, finaliza.
Entre as recomendações para a realização de novos acolhimentos, as comunidades terpêuticas devem manter o isolamento social de, no mínimo, 14 dias dentro da própria instituição, seguindo o protocolo do Ministério da Saúde. Há ainda a recomendação para que os acolhimentos não sejam suspensos, uma vez que podem colocar em risco a vida de milhares de pessoas que precisam do atendimento ofertado nas unidades.