O Auxílio Viagem, oferecido pela Prefeitura através da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), teve um crescimento de 64,5% no número de concessões, se comparado ao mesmo período de 2020. O benefício visa garantir o retorno da população em situação de rua à cidade de origem,
“Esta ação ajuda a transformar a vida de pessoas em vulnerabilidade social, em especial nesse período da pandemia. Um momento no qual os cidadãos estão mais suscetíveis não apenas no sentido financeiro, mas também emocional. E estar perto dos seus é sempre um alento”, afirma o secretário da Sempre, Kiki Bispo.
Apenas este ano de 2021, foi investido um montante de R$11,5 milhões na concessão do Auxílio Viagem. Para receber o benefício é preciso apresentar os seguintes documentos: RG, CPF, carteira de trabalho, cartão do SUS, carteira de reservista e título de eleitor.
Quem não tiver o documento, pode fazer a retirada, de forma gratuita, através dos SACs, Ministério Público, Defensoria Pública do Estado da Bahia, postos de saúde, Receita Federal e Tribunal Regional Eleitoral. O processo é orientado por técnicos de referência da Sempre.
Esperança – Na maioria dos casos, antes desse retorno às cidades de origem, as pessoas são abrigadas em Unidades de Acolhimento Institucional (UAIs). “E quando isso ocorre é mais fácil o regresso, já que, após os assistidos obterem os documentos, existe uma avaliação e inicia-se os trâmites”, completa Bispo.
Esse foi o caso de Luciano Galdino, 43 anos. Ele recentemente deixou a UAI – Aspec Pituaçu, vinculada à Sempre, com o sentimento de esperança em recomeçar a vida. Além de todo acolhimento, Galdino teve o Auxílio Viagem, que permitiu a realização do sonho de retornar para São Paulo, cidade onde sempre viveu e que tinha à espera não apenas os amigos, mas também um emprego numa fábrica de reciclagem.
“Sou natural da Paraíba e resolvi ver minha família. Mas, ao retornar para São Paulo, no meio do percurso faltou dinheiro e parei aqui em Salvador, esperando uma providência divina para conseguir completar minha viagem. Ao conversar com alguns moradores de rua soube que existia um programa de assistência social e fui buscar essa alternativa. Conversei com duas assistentes sociais que, de imediato, me deram abrigo e me trouxeram para cá (Unidade de Acolhimento)”, contou, antes de deixar Salvador.
Segundo Galdino, na UAI ele foi tratado como “gente”. “Me deram oportunidade de falar, de expor os meus motivos de estar nas ruas. Portanto, posso assegurar que é um lugar que não apenas abre espaço para que as pessoas tenham um teto e comida, mas que consigam se reerguer na sociedade, uma verdadeira porta aberta. Aqui me senti acolhido, o que me fez esquecer muito mais rápido a situação de rua que vim”, agradeceu, enfatizando que todo apoio recebido ficará em sua memória.
O psicólogo da UAI – Aspec Pituaçu, Everton Nunes de Almeida, lembra que o local ainda oferece curso de Educação Financeira. “A intenção é de que eles possam se adequar ao atual cenário e utilizar os benefícios que recebem corretamente, até que surja o emprego formal. E também incentivamos a serem empreendedores”, conclui.
Fotos: Vitor Santos/Sempre