A confiança das micro e pequenas empresas de varejo e de serviços atingiu o maior patamar em 18 meses e bateu os 50,6 pontos no mês de outubro, de acordo com dados revelados pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).
A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais confiantes estão os empresários. Em outubro do ano passado o indicador marcara 38,7 pontos, com apenas 31% dos empresários confiantes no desempenho futuro da economia brasileira. Um ano depois, essa proporção alcança 53,2%, um avanço de 22,2 pontos percentuais.
De acordo com o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a melhora gradual da confiança é uma boa notícia sobre a situação econômica do País.
— O resultado evidencia que os empresários sondados estão, em sua maioria, confiantes com os rumos da economia e dos negócios. É importante observar, porém, que o indicador ainda não toma distância do nível neutro, de 50 pontos, sugerindo que há uma quantidade expressiva de empresários com sentimentos opostos.
Para Pinheiro, a consolidação da confiança é componente fundamental para o rompimento do atual ciclo recessivo, mas não acontecerá instantaneamente.
— Apenas agora vemos o possível início de um novo ciclo na queda da taxa básica de juros. Se esse cenário for concretizado, as reduções da Selic [taxa básica de juros da economia brasileira] podem estimular a economia e elevar a confiança dos agentes econômicos, inaugurando um ciclo positivo de crescimento.
O Indicador de Confiança é composto pelo Indicador de Condições Gerais e pelo Indicador de Expectativas. Por meio da avaliação das condições gerais, busca-se medir a percepção dos micro e pequenos varejistas e empresários de serviços sobre os últimos seis meses. Já através das expectativas, busca-se medir o que se espera para os próximos seis meses.
Apesar de mais confiantes em relação ao futuro, o Indicador de Condições Gerais, que avalia a percepção do micro e pequeno empresariado sobre o desempenho de suas empresas e da economia brasileira nos últimos seis meses, apresentou um crescimento, passando de 27,3 pontos em setembro para 30,4 pontos em outubro. O número, no entanto, ainda persiste abaixo do nível neutro de 50 pontos, o que significa que, para a maioria dos micro e pequenos empresários, a situação econômica do País e de suas empresas apresentaram piora nos últimos meses“.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti avalia que os indicadores mais recentes da economia não dão clara evidência de que a situação do consumidor ou empresário melhorou. Ela afirma que é possível apontar para o início de um processo de reversão de expectativas.
— Apesar da melhora na avaliação das condições da economia e dos negócios em outubro, a avaliação da maior parte desses empresários acerca dos últimos seis meses é negativa.
Em termos percentuais, 71,1% desses micro e pequenos empresários afirmam que a economia piorou no último semestre. Em relação aos negócios, 56,9% consideram que houve piora no período. Entre os MPEs que relatam piora dos negócios, a crise está diretamente ligada às dificuldades encontradas: 71,6% dizem que, por causa dela, as vendas diminuíram e 10,5% que os preços de insumo, matérias primas e produtos aumentaram.
Quando o assunto é o futuro da economia, 53,2% dos empresários manifestaram otimismo com os próximos seis meses. Já em relação ao próprio negócio, a proporção de otimistas sobe para 69%. Kawauti explica que o fato de o próprio negócio inspirar mais confiança do que a economia é resultado de que os entrevistados têm controle de sua empresa, mas não da economia.
— Assim, diante da adversidade, [os empresários] podem promover ajustes para atenuar o impacto da crise.
Entre os empresários que estão otimistas com relação ao seu negócio, a razão predominante é o sentimento sem uma explicação aparente (29,5%), seguida pela boa gestão do negócio (23,0%). Já entre os que estão pessimistas, o principal motivo é a percepção de que a economia não irá melhorar (69%).
R7