A construção civil, que atravessa o pior momento dos últimos 12 anos, tende a ser o último a retomar os níveis de atividade. A recessão mais prolongada do setor será ocasionada pelo alto nível de estoques e a insegurança dos consumidores de ingressar em financiamentos.
O desemprenho ainda fraco do setor pode ser percebido nas sondagens da construção civil, divulgadas mensalmente pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Enquanto os indicadores de outros setores apontam para uma saída do “fundo do poço”, a construção demonstra um pequeno sinal de melhora, com uma curva menos positiva em relação aos outros ramos de atividade.
De acordo com José Luiz Pagnussat, economista do Cofecon (Conselho Federal de Economia), a construção civil tende a sofrer por mais tempo nos períodos de crise do que os outros setores. Isso porque tem um consumidor mais cauteloso após a passagem do ambiente de crise.
— Em um ambiente de desemprego elevado, as famílias evitam fazer dívidas de longo prazo nesse contexto. Então, não tem um mercado de construção civil reaquecido ainda.
Segundo pesquisa realizada pela Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), a intenção de realização de financiamentos imobiliários caiu 54% para 42% de março para julho. Para o consultor econômico da Acrefi, Nicola Tingas, ao observar que o futuro é incerto, o consumidor tende a adiar os planos de realizar financiamentos.
Pagnussat avalia que o preço dos imóveis ainda caindo em termos reais e a demanda desaquecida do setor tornam mais difícil a retomada momentânea da construção civil.
— É um setor que não tem motivos para retomar os investimentos sobre as construções.
O professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) Paulo Pacheco analisa que só será possível afirmar que a retomada de crescimento é definitiva quando for verificada uma reversão dos indicadores relacionados ao mercado de trabalho.
— Na hora que a gente começar a ver uma redução do aumento de desemprego, poderemos dizer que todos os setores estão voltando a crescer.
R7