A Coreia do Sul informou que a Coreia do Norte lançou um míssil balístico para o mar do Japão. Pyongyang tem desenvolvido vários testes com mísseis nas últimas semanas, incluindo um com armas hipersônicas e de longo alcance.
O lançamento partiu da localidade de Sinpo, no leste da Coreia do Norte, e teria sido lançado a partir de um submarino ou de uma plataforma submersa, dizem os analistas.
Alguns dos testes realizados pela Coreia do Norte estão proibidos pelas Nações Unidas, como os de mísseis balísticos e com armas nucleares.
Os mísseis balísticos são considerados mais perigosos e ameaçadores do que os misseis de cruzeiro, uma vez que podem transportar maior peso, têm mais alcance e são mais rápidos.
O míssil lançado hoje tinha sido apresentado em janeiro por Pyongyang como “a arma mais poderosa do mundo”. A Coreia do Sul também anunciou ter armamento semelhante há apenas algumas semanas, numa corrida às armas em plena Península coreana.
Tecnicamente, as Coreias continuam em guerra, uma vez que a Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países, terminou em 1953 com um armistício.
A informação sobre o lançamento do míssil foi confirmada por responsáveis militares da Coreia do Sul, que acreditam que o míssil em causa voou cerca de 450 quilômetros e atingiu altura de 60 quilômetros.
“Os nossos militares estão monitorando de perto a situação e mantendo uma postura de prontidão, em estreita colaboração com os Estados Unidos, de forma a preparar possíveis lançamentos”, adiantam os chefes militares em Seul, em comunicado.
O Japão já reagiu. O primeiro-ministro Fumio Kishida considera que o lançamento dos mísseis balísticos e os testes realizados por Pyongyang são “lamentáveis”.
Esforços diplomáticos
Esta não é a primeira vez que a Coreia do Norte testa um míssil a partir de uma plataforma subaquática. Em outubro de 2019, o país lançou o míssil submarino Pukguksong-3. A agência estatal de notícias KCNA informou que a ação pretendia minimizar uma “ameaça externa”.
O míssil foi lançado em trajetória vertical, mas se tivesse percorrido um percurso padrão poderia ter atingido o território da Coreia do Sul ou do Japão.
Por outro lado, os mísseis lançados a partir de submarinos ou plataformas submersas podem fazer com que esses lançamentos sejam mais difíceis de detectar de forma prematura.
Desde que Kim Jong-un assumiu a liderança, o país tem efetuado vários testes de armamento e reforçado o arsenal militar, apesar das sanções internacionais devido aos programas de armamento nuclear e de mísseis balísticos.
Sung Kim, representante especial dos Estados Unidos para questões da Coreia do Norte, tem apelado nos últimos dias às conversações diplomáticas entre os países envolvidos.
“Não temos qualquer intenção hostil em relação à Coreia do Norte e esperamos realizar um encontro” sem condições prévias, disse o diplomata ainda na segunda-feira (19), ao final de uma reunião com um responsável norte-coreano, Noh Kyu-duk.
Em 2018, o líder norte-coreano Kim Jong-un foi o primeiro da história a se reunir com um presidente norte-americano – Donald Trump – primeiro em Singapura e depois em Hanói, já em fevereiro de 2019. Meses mais tarde, durante viagem à Ásia, Trump fez uma visita inesperada à zona desmilitarizada entre as Coreias, em junho de 2019, onde voltou a se encontrar com o líder norte-coreano.
No entanto, esses encontros foram pouco proveitosos, uma vez que não foi possível alcançar um acordo para o levantamento de sanções contra o regime norte-coreano, ou um compromisso por parte da Coreia do Norte para a contenção dos programas nuclear e de mísseis balísticos.
Desde então, nos últimos dois anos, os lançamentos e o programa de mísseis balísticos prosseguiu, apesar das dificuldades econômicas e de um bloqueio territorial no país autoimposto devido à pandemia.
Estados Unidos
As Forças Armadas dos Estados Unidos condenaram hoje o lançamento, pela Coreia do Norte, do míssil balístico disparado a partir de um submarino e apelaram a Pyongyang para “se abster de novos atos desestabilizadores”.
“Estamos cientes do lançamento [feito hoje] de manhã de um míssil balístico norte-coreano para o mar do Japão e estamos em consultas com a Coreia do Sul e o Japão”, disse, em comunicado, o comando norte-americano do Indo-Pacífico.
“[O acontecimento de hoje] não constitui ameaça imediata ao pessoal norte-americano, ao nosso território ou aos nossos aliados”, destacou.
Agência Brasil