Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, e Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul, vão se encontrar pela primeira vez nesta quinta-feira (26), na Casa da Paz, o único ponto da Zona Desmilitarizada na fronteira entre os dois países em que não há separação física.
Será a terceira reunião de cúpula entre os líderes das duas Coreias. Das outras vezes, os ex-presidentes da Coreia do Sul, Kim Dae-jung (em 2000) e Roh Moon-hyu (em 2017) foram a Pyongyang, na Coreia do Norte, e chegaram a assinar tratados com o norte-coreano Kim Jung-il, pai do atual líder, mas a tão esperada paz não foi alcançada.
Desta vez, com a proximidade da reunião de Kim Jong-un com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o anúncio do fim do programa de armas nucleares norte-coreano, a expectativa da comunidade internacional é que o conflito entre as Coreias, que se arrasta desde 1953, saja finalmente atingido.
Promessas vazias
Depois de quase 50 anos de conflito entre os países, Kim Dae-jung chegou a Pyongyang em junho de 2000, pedindo paz a Kim Jong-il e prometendo ajuda para combater a fome e a crise econômica que assolavam a Coreia do Norte após o fim da União Soviética, seu principal aliado.
Voltou para Seul com tratados assinados, que garantiriam a reunião de famílias separadas com a divisão dos países na Guerra da Coreia, entre outras negociações. Chegou a ganhar o Nobel da Paz pela iniciativa, mas a Coreia do Norte prosseguiu com seu programa de armas nucleares.
Para piorar, foi descoberto que, dias antes da reunião, o governo sul-coreano tinha enviado secretamente uma verba de 200 milhões de dólares aos norte-coreanos, como auxílio. O dinheiro teria ajudado Kim Jong-il a continuar seu programa de armas.
Preocupação com testes nucleares
Em outubro de 2007, Roh Moon-hyu foi a Pyongyang se encontrar com Kim Jong-il e, depois de três dias de cúpula, voltou a Seul com um plano de oito metas para a paz, assinado por ambos os líderes, que jamais se concretizou.
A Coreia do Norte tinha feito, no ano anterior, seu primeiro teste nuclear, e o presidente sul-coreano buscava encerrar a ameaça no país vizinho. Chegou a acertar com o líder norte-coreano que o programa nuclear seria encerrado e o país estaria aberto a inspeções da ONU.
O problema é que ele já estava no fim de seu mandato. A iniciativa fracassou porque, além da Coreia do Norte manter o programa e expulsar os inspetores internacionais, o novo presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, considerado mais conservador e linha-dura, decidiu encerrar as cooperações entre os países.
Experiência anterior
Por curiosidade, um dos principais articuladores da reunião de 2007 foi o atual presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, que fazia parte do gabinete de Roh Moon-hyu.
Com o apoio norte-americano e tentando não repetir o erro de seus antecessores, o presidente busca o fim das hostilidades, que nunca tiveram um fim formal desde que acabaram os combates da Guerra da Coreia, em 1953.
R7