Um estudo do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), dos Estados Unidos, mostrou que o sobrepeso e a obesidade foram fatores de risco para 79% dos pacientes com covid-19 que precisaram ser intubados ou receberem tratamento nas UTIs (Unidade de Terapia Intensiva). Pessoas obesas já integravam o grupo de risco da doença, a novidade, no entanto, está em relação ao sobrepeso, que corresponde a 28,3% dos pacientes analisados.
“O sobrepeso e a obesidade foram fatores de risco para ventilação mecânica invasiva, e a obesidade foi um fator de risco para hospitalização e morte, principalmente entre adultos com menos de 65 anos”, aponta a pesquisa
Os dados utilizados pelo estudo foram obtidos por meio de um banco de dados com base em 238 hospitais dos EUA, por onde os pesquisadores analisaram o IMC (Índice de Massa Corporal) de 71.491 pacientes internados com covid-19.
O IMC é calculado a partir do peso dividido pela altura ao quadrado. Uma pessoa é considerada abaixo do peso se o resultado for menor ou igual a 18,9, peso ideal se for entre 19 e 25,9, sobrepeso se for entre 25 e 29,9, e obesa se o resultado for acima de 30. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 60,3% da população brasileira acima de 18 anos está com excesso de peso, sendo que 26,8% são obesos.
Segundo o gastrocirurgião e endoscopista Eduardo Grecco, do Instituto EndoVitta, em São Paulo, o sobrepeso dificulta a resposta imunológica do organismo, o que possibilita que a covid-19 se desenvolva de forma grave.
“O coronavírus provoca uma tempestade de citocina e de enzimas agressivas ao organismo, levando a um quadro de inflamação. O organismo do obeso e da pessoa com sobrepeso já é inflamado, então o vírus encontra um ambiente melhor para se alastrar”, explica Grecco.
De acordo com o médico, uma pessoa com sobrepeso tem mais facilidade para se tornar obesa e desenvolver outras comorbidades como hipertensão e diabetes, aumentando o fator de risco relacionado à covid-19. “Uma pessoa com sobrepeso não possui o mesmo mecanismo de defesa de uma pessoa saudável, porque o organismo dela já tem o nível de açúcar e de colesterol elevado”, afirma.
Por outro lado, o organismo de uma pessoa com o peso considerado normal consegue desenvolver anticorpos e combater o coronavírus antes que ele se instale e provoque uma inflamação generalizada.
Grecco ressalta que o IMC é um norteador inicial para o dia a dia, mas que não dispensa uma avaliação médica.
“O ideal é ir ao consultório fazer uma bioimpedância, que é uma balança especial que determina exatamente a quantidade de massa magra, água e gordura de pessoa. Atletas têm o IMC mais alto, mas não são necessariamente obesos, às vezes o peso é alto por causa da grande quantidade de massa muscular, por exemplo”, avalia.
O endoscopista também destaca a importância para que pessoas em tratamento para obesidade sigam cumprindo com a dieta e a suplementação recomendada, para assim reduzirem o risco de desenvolverem o quadro severo da covid-19. Para os que já estão com sobrepeso, a recomendação é a de que busquem ajuda especializada.
“Tem que começar a trabalhar para que essa pessoa não atinja a obesidade, porque quando chega a esse ponto, ela já está com diabetes e colesterol elevado. É mais fácil para o paciente perder 10kg do que 20kg”, afirma.