Vai ter segunda dose para todo mundo? Sim, desde que os municípios façam uma gestão adequada das doses, segundo o infectologista Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Ele afirma que a orientação do Ministério da Saúde é que metade das doses da CoronaVac sejam reservadas para a segunda dose, já que o intervalo entre as doses é considerado curto, de 4 semanas. Já em relação à vacina de Oxford, que será administrada com intervalo de 3 meses, a orientação é utilizar todas as doses disponíveis para vacinar o maior número de pessoas, de acordo com Kfouri. A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, lembra que todas as vacinas contra a covid-19 exigem segunda dose, exceto a da Janssen, que ainda não está em uso no país.
O que acontece se não tomar a 2ª dose no dia certo? A proteção completa da vacina contra a covid-19 só ocorre após a segunda dose. A CoronaVac requer um intervalo de 28 dias e a vacina de Oxford, 3 meses. “Não há garantia de que a proteção se mantenha enquanto não se toma a segunda dose”, afirma Kfouri. Rosana explica que, caso a pessoa não consiga tomar a segunda dose no dia correto, não há problema. “Volte depois e faça sua vacina. Não há necessidade de recomeçar o esquema”, orienta.
Se estiver com gripe ou outro problema de saúde no dia da segunda dose, o que fazer? Se estiver com qualquer quadro clínico infeccioso agudo, como febre, deve adiar a vacinação, afirma Rosana. Kfouri explica que somente após 48 horas sem febre é indicado realizar a vacinação. “Se tiver febre, não se deve tomar a vacina porque pode ser início de uma doença grave”, diz. Ele destaca que a condição também pode interferir em um diagnóstico de reação adversa da vacina. “Se a pessoa, eventualmente, tem uma reação adversa, não vai ficar claro se é reação ou sintoma de uma doença”.
O que acontece se, eventualmente, tomar a segunda dose de uma vacina diferente? Estudos sobre a chamada intercambialidade de vacinas ainda estão em andamento. “Se um indivíduo equivocadamente, inadvertidamente, receber uma segunda dose diferente da primeira, a orientação do Ministério da Saúde é não fazer mais nenhuma dose”, afirma Kfouri. Rosana destaca que é direito e dever de todos saber qual vacina está tomando, se CoronaVac ou vacina de Oxford, para estar ciente de que na segunda dose deve tomar a vacina do mesmo fabricante. “Se acontecer, primeiramente é preciso ter calma, estamos falando de vacinas seguras. Será considerada vacinação não adequada. Essa pessoa não vai receber uma terceira dose, pois não se sabe a segurança, mas estão acontecendo estudos”, frisa a infectologista.
Quem está amamentando ou fazendo tratamento de quimio e não puder ser vacinado terá uma segunda oportunidade? Quem estiver amamentando deve comunicar no momento da vacinação, mas não há contraindicação para receber a vacina, segundo os infectologistas. Já para quem está em tratamento com quimioterapia, Kfouri orienta aguardar um melhor momento para a imunização. “A quimioterapia baixa a resistência e a resposta à vacina, então, para pacientes imunossuprimidos, por doenças reumáticas, doenças gástricas ou câncer, não há contraindicação de tomar a vacina, mas pode haver um melhor momento dentro da terapia de serem vacinados”, explica. “Mesmo que não se use a dose no momento, ela está garantida a esse grupo contemplado como prioritário”, enfatiza Rosana, que recomenda que se procure orientação médica sobre o momento adequado para a vacinação.
Com os idosos vacinados com duas doses, as reuniões familiares poderão voltar a ser realizadas? Sim, desde que eles cumpram as medidas sanitárias, segundo Rosana. As medidas são uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento. “O fato de eles terem duas doses não significa que a pandemia acabou. Não significa que eles não tenham mais riscos nem de adquirir nem de transmitir o vírus. Lógico, dá uma segurança maior, pois as vacinas se mostraram eficazes em evitar a doença grave e moderada, mas os estudos em maiores de 60 anos foi menor do que abaixo dessa idade”, explica a infectologista. “Reunião familiar eu acho extremamente saudável, ainda mais que os idosos estão isolados há muito tempo, mas, mesmo assim, não recomendaria baixar a guarda”, complementa. Ela ressalta que a proteção completa oferecida pela vacina ocorre pelo menos duas semanas após a segunda dose.
Quem serão os últimos a serem vacinados na lista de prioridades? Eles vão acabar recebendo Sputinik, Pfizer, Janssen ou Covaxin? Os últimos a serem vacinados serão as crianças, pois não há estudos ainda feitos com essa faixa etária, segundos os infectologistas. As vacinas utilizadas serão as que apresentarem estudos para esse grupo. CoronaVac, Janssen e Pfizer já estão com estudos em andamento, segundo Kfouri.
R7